LULA: PT DEVE RESPEITAR PMDB NO SENADO
Contrariando os interesses do próprio partido, o presidente Lula associou-se à pretensão do PMDB de indicar o próximo presidente do Senado, a ser eleito em fevereiro de 2011. A ideia do PT era transportar para o Senado o acordo vigente na Câmara, de rodízio em que um biênio ficaria com o PT e outro com o PMDB. De acordo com o colunista Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, o presidente diz, em diálogos privados, que o PT deveria evitar desgastes com o PMDB. Insinua que, no Senado, o PT deveria respeitar o “regimento”, que atribui à maior bancada o “direito” de indicar o presidente. Alheio às críticas, o PT pretende criar um bloco mais à esquerda, para contrapor o do PMDB, que tem consigo PP, PR, PTB e PSC. O PT planeja unir-se ao PSB, PCdoB e PDT. Se chegar a um acordo, disporá de um aglomerado de 165 votos. Menos que os 202 do bloco “rival”.
PMDB COM BLOCÃO PÕE PT EM XEQUE
A guerra entre o PMDB e o PT estava escrita. É briga sem caráter político, mas, tão só, da revoada dos vampiros em busca de sangue novo, do seu quinhão em cargos poderosos do governo Dilma. Por cargos poderosos entendam-se aqueles que têm orçamentos bem fornidos, cargos importantes para distribuição à mancheia. Dilma reagiu. Não pretende esse tipo de guerra em torno da partilha dos ministérios e estatais, mas não tem muito que fazer. Os partidos, como o PMDB, se alinharam ao PT para elegê-la presidente. Parou por aí. A partir da vitória, o cenário é outro: é a corrida para os cofres públicos, para o vampiresco ato de sugar a República e dela tirar o que for possível e até o que não for. O PT foi o primeiro a se lançar. Como na poesia, enloquecido na torre do poder, “quer uma lua no céu e quer uma lua no mar”. Muito. A não ser reflexo na água, não existem duas luas. O Partido dos Trabalhadores correu para abocanhar o poder da Câmara, com orçamento semelhante ao de uma cidade do porte médio. O PMDB reagiu e alargou: no Senado o PT também não entra. Daí, partiu para o contra-ataque e montou um blocão, isolando os petistas, composto pelos partidos PMDB, PP, PR, PSC e PTB, com 202 deputados federais no total. Demonstra que tem força para segurar posições e controlar o legislativo, podendo, no entanto, abrir espaços para o PT, que chegaria, porém, em posição menor, enfraquecido. O “aquieta leão” flagrou o PT com as calças nas mãos. Natural. O PMDB é partido de tradição nesta esfera de poder. Prefere ter os cargos com seus orçamentos a comandar a República. Aqui na Bahia, o PT avança também para furar a paliçada do presidente do Legislativo estadual e deslocar o deputado Marcelo Nilo da presidência. Marcelo tem 42 votos, presumivelmente, uma ampla maioria em 63 deputados. Dilma tem o seu batismo de fogo, o jogo duro dos partidos pelos cargos. O blocão se diz dilmista, pretende apoiá-la, contanto que o PT desista da sua sede e fome. O jogo está sendo jogado. Ganha quem conseguir chegar mais rápido ao erário público. Faz parte desta torta República.
(Samuel Celestino
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