Os municípios que compõem a micro-região de Itapetinga, viveram nos últimos meses, um clima de apreensão e medo, devido às sucessivas demissões patrocinadas pela fábrica de calçados Azaléia e a notícia de que a indústria calçadista poderia ser transferida para a Índia, fechando a sua unidade fabril em Itapetinga e região. Agora, entretanto, surge uma luz no fim do túnel, com uma nova notícia publicada na Tribuna da Bahia, em que a direção da Vulcabrás/Azaléia nega a intenção de fechar a fábrica em Itapetinga e promete rever a sua política de demissões. Veja a matéria completa da Tribuna:
TRIBUNA DA BAHIA: No setor calçadista, a invasão de produtos chineses atingiu em cheio, na Bahia, logo o maior conglomerado da América Latina: a Vulcabras/Azaleia, instalada em uma série de plantas fabris em Itapetinga e mais 13 municípios do sudoeste. Desde o começo do ano, a empresa já demitiu 1,8 mil dos 18 mil empregados. Na última semana, circulou o boato de que o presidente da corporação, Milton Cardoso, teria declarado a um veículo de comunicação que poderia transferir os ativos para a Ásia – provavelmente Nova Dehli, capital da Índia. O risco de fechamento foi negado pela assessoria de comunicação da empresa, em contato telefônico, no qual a assessoria reconheceu a crise, acrescentando que “o presidente garantiu que fará de tudo para que não haja novas demissões”. Em 2009, o empreendimento respondia por 48% da contratação de mão de obra no setor calçadista baiano. Iniciado em 1996, o polo baiano conta hoje com mais de 90 fábricas, tendo como uma das características a diversificação geográfica.
O diretor do Sindicato das Indústrias de Calçados e seus Componentes e Artefatos, Haroldo Ferreira, defende que a crise que afetou a Azaleia impacta, por ser a maior empresa brasileira deste ramo, mas não atinge todo o setor.
O problema maior, de acordo com ele, estaria no segmento de calçados esportivos, mas a área de sapatos femininos, por exemplo, é sempre mais protegida de concorrência externa.
“O calçado feminino é ligado à moda e a importação demora de dois a três meses. Quando chega, a moda já foi embora”, argumentou.
Segundo Haroldo Ferreira, há uma legislação antidumping protegendo o calçado baiano do chinês, mas é necessário que ela seja ampliada para toda a Ásia. “Algumas empresas estão fazendo triangulação. Importam de outros países mais o sapato é de origem chinesa”, explica. Contudo, a desvalorização do dólar vai na direção contrária das barreiras antidumping, pois encarece as exportações e barateia as importações, cujo aumento é o maior entrave para o setor de calçados. Hoje, informa Ferreira, somente 5% da produção do setor calçadista se destina ao exterior.
PROTEÇÃO – Em junho, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, anunciou a criação de um grupo de inteligência antidumping, com o objetivo de proteger comercialmente o mercado doméstico contra importações suspeitas de preços fraudulentos e de adulteração de origem. A proposta envolveria a criação de um banco de dados com informações de um pool de órgãos federais, tais como Receita Federal, Anvisa, Ministério da Agricultura, e Inmetro.O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Reinaldo Sampaio, manifestou otimismo quanto ao desfecho do caso Azaleia. “Nós não temos, por parte da empresa, informações que confirmem essa notícia. Esperamos que eventuais dificuldades, se houverem, sejam superadas e que o empreendimento continue a cumprir o seu papel no desenvolvimento do nosso estado”, afirmou.
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