Foto: Arquivo/Divulgação
Paulo Souto: ser ou não ser candidato
O ex-governador Paulo Souto (DEM) deve anunciar internamente ao seu partido nesta sexta-feira se será ou não candidato à sucessão estadual. Até aqui, todas as exigências feitas por ele à cúpula local e nacional da legenda para que pudesse decidir-se favoravelmente pela disputa foram atendidas, comenta-se no partido.
O prefeito ACM Neto (DEM) se empenhou pessoalmente no sentido de convencer Souto de que ele é o melhor nome para concorrer com o candidato do governador Jaques Wagner (PT) às eleições, depois dele próprio, que não será candidato sob hipótese nenhuma.
Sob a orientação de ACM Neto, a cúpula nacional do DEM investiu horas de conversas na tentativa de convencer Souto de que se for candidato não estará sozinho nem ficará desamparado, principalmente financeiramente, uma das grandes preocupações de candidatos majoritários.
Também o PSDB, desde o princípio, colocou-se, disciplinadamente, como vetor para o anúncio da candidatura Souto, preocupando-se apenas em reservar para o seu pré-candidato, João Gualberto, o lugar de vice em sua chapa.
Agora, a batata quente, se é que pode ser vista assim a disputa com um candidato turbinado pela máquina do governo, porém desconhecido, está com Souto e mais ninguém. Cabe exclusivamente a ele decidir se vai ou não enfrentar as urnas.
A responsabilidade é grande porque Souto sabe que, caso desista, estará automaticamente passando o bastão a outra candidatura com pontuação muito inferior à sua nas pesquisas de opinião, podendo ser responsabilizado por uma eventual derrota das forças oposicionistas.
Na verdade, pelas conversas realizadas até agora na oposição, caso Souto não queira concorrer, a tarefa caberá ao líder peemedebista Geddel Vieira Lima, que aguarda por este momento desde que perdeu a eleição para Wagner em 2010.
Geddel quer uma desforra a qualquer preço com “esse pessoal do PT”, como dizem que se refere na intimidade aos petistas quando está calmo. Tomou horror a Wagner desde que rompeu com ele ainda no primeiro governo do petista, que ajudou a eleger, e agora à presidente Dilma Rousseff, cujo time deixou sob polêmica recentemente com o objetivo de ficar livre para disputar o governo.
Comenta-se que, quando está um pouco mais nervoso, o líder peemedebista dispara verdadeiros impropérios contra a dupla de petistas, numa demonstração de que integrou ao político o desejo muito pessoal de derrotá-los.
Ocorre que Souto é quem lidera as pesquisas que o DEM tem em mãos. Tirando ACM Neto do cartão, que dispara nas sondagens, o ex-governador lidera com 42% das intenções de voto ao governo. Sem ele, Geddel aparece com 28%, Lídice da Mata (PSB) com 16% e Rui Costa, do PT, com 8%.
Com Souto fora da disputa, o cenário melhora ligeiramente para cima para Geddel, Lídice e Rui, naturalmente. Mas está longe de garantir o mesmo nível de competitividade que as oposições teriam com ele na cabeça da chapa.
Porém é Souto que será o senhor da opção de ser ou não candidato. ACM Neto já disse a amigos ter feito o que podia. Portanto, está praticamente lavando as mãos. Caberá ao ex-governador, se desistir, passar em ato público o posto de candidato a Geddel, acomodando-se, quem sabe, para uma disputa ao Senado.
Raul Monteiro
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