X Encontro Estadual da Pastoral da
Juventude Rural da Bahia nos dias 11, 12 e 13 de dezembro de 2015, em Boa Nova
- BA
Demarcamos nosso campo político na luta pela permanência da juventude no campo, nosso local de vida, trabalho, educação e cultura. Nossa identidade é camponesa, somos do campo e defendemos o bem viver no campo. Nossa resistência se dá pela construção de uma agricultura camponesa agroecológica e soberana, que produza condições de geração de renda através de trabalho cooperativo, desenvolvendo a igualdade de gênero, a valorização do conhecimento camponês assim como a soberania alimentar e territorial das comunidades rurais.
Em contínuo esforço de estudo para qualificar nossas ações reconhecemos a necessidade de compreender a realidade brasileira desde as nossas bases até os processos conjunturais por que passa nossa nação, para assim guiar nosso fazer político e unir esforços como Igreja em missão aos demais movimentos sociais do campo e da cidade na luta pela transformação das condições de vida da classe trabalhadora.
Em nosso Encontro Estadual, através do estudo e debates chegamos à conclusão que:
• O modo de produção capitalista passa por uma grave crise. Em momentos de crise, o capital busca mecanismos para aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora, retirando direitos trabalhistas e aumentando o grau de exploração. A crise do capital torna-se mais grave nos países periféricos como o nosso.
•
Porém, a maior crise atual do país é a crise política, levada a cabo por
setores derrotados nas últimas eleições, que agora, aliados aos grandes meios
de comunicação de massa e ocupando bancadas significativas no congresso,
implementam inúmeras pautas retrógradas que atacam o povo brasileiro,
desestabilizam a vida política e recentemente tentam aplicar um golpe
institucional na presidência em forma de impeachment.
Por
meio desta compreensão manifestamos nossa posição política:
•
Nos posicionamos contra a tentativa de impeachment da presidenta Dilma, pela
defesa da democracia e continuidade do governo eleito nas urnas;
•
Exigimos a imediata destituição do cargo de presidência da câmara dos deputados
e a cassação do político Eduardo Cunha, líder do conjunto de políticos
corruptos no congresso e inimigo do povo brasileiro;
•
Somos contra o modo de funcionamento do sistema político atual, somamos
esforços na luta pelo fim do financiamento privado de campanha que dá acesso
irrestrito aos interesses da elite rentista e do empresariado no fazer político
da nação. Reconhecemos a urgente necessidade de uma reforma do sistema político
por meio de uma constituinte exclusiva, popular e soberana;
•
Nos movimentamos contra o modelo de desenvolvimento capitalista no campo,
implementado por empreendimentos do agronegócio, mineração e agrohidroenergia
que expropria territórios, extrai recursos naturais de modo inconsequente e
gera externalidades que impactam de maneira irreversível os solos, as águas e a
atmosfera, destruindo as condições de vida do povo do campo e da cidade;
•
Lutamos contra o latifúndio, por uma reforma agrária popular que proporcione
acesso à terra à quem deseja produzir alimentos saudáveis para a nação;
•
Exigimos o avanço de políticas públicas que gerem transformações estruturais no
campo, produzindo condições de subsistência das comunidades camponesas e seus
modos de vida e desenvolvimento. Exigimos o avanço das políticas de convivência
com o semiárido;
•
Repudiamos a política de fechamento das escolas no campo e na cidade, e a
precarização da educação pública em todos os níveis. Repudiamos a política
implementada pelo governo para a educação rural. Exigimos a implementação da
política de educação do campo conquistada na lei pelos movimentos sociais e a
construção de uma educação adequada às especificidades do campo, proporcionando
acesso e permanência da juventude à formação em nível médio, técnico e superior
de qualidade;
•
Repudiamos as práticas de violência e extermínio da juventude, a repressão às
manifestações juvenis e toda e qualquer forma de preconceito de gênero, cor,
etnia e orientação sexual. Nos posicionamos contra as tentativas de redução da
maioridade penal por setores conservadores do congresso;
•
Exigimos a imediata implementação de políticas públicas voltadas para a
permanência do jovem no campo e melhoria das condições de vida, estruturando
formas de trabalho-renda, educação, lazer, transporte, acesso à informação e
cultura;
Diante
das questões colocadas, construímos nossa luta a partir das bases da Igreja,
compreendendo a tarefa deixada pelo camponês de Nazaré, Jesus Cristo, de
construir o projeto do reino de Deus na terra, lutando contra as diferentes
formas de opressão e tomando a posição em favor dos empobrecidos e injustiçados
desta sociedade. Assim como tem instruído nossa liderança maior, o Papa
Francisco, devemos nos movimentar contra o modo de produção capitalista que tem
destruído a obra de Deus: a mãe terra e sua criação. Temos a convicção de que
todos os homens e mulheres são iguais perante Deus e, portanto, têm direito à
uma vida plena e digna, como o próprio Papa nos diz: “nenhuma família sem casa,
nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos.”
Fora
Cunha!
Juventude
Camponesa!
Terra, pão, dignidade!
Terra, pão, dignidade!
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