TSE monta megaestrutura
para julgamento da chapa Dilma-Temer
Tribunal
começará a analisar na terça (4) a ação que pede a cassação da chapa vencedora
da eleição de 2014. Corte reforçou segurança interna e externa, instalou telões
e disponibilizou UTI móvel.
Por Fabiano Costa, G1, Brasília
Acesso ao plenário do TSE será disputado a partir desta terça-feira (4) (Foto: Nelson Jr./ASICS/TSE) |
Dois anos e cinco meses
depois da vitória de Dilma Rousseff e Michel Temer nas eleições presidenciais
de outubro de 2014, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começará a julgar nesta terça-feira (4) a ação
que pede a cassação da chapa encabeçada por PT e PMDB.
Para receber a grande
quantidade de pessoas interessadas em acompanhar o primeiro julgamento de
cassação de uma chapa presidencial, o tribunal montou uma megaestrutura na sede
do TSE, em Brasília.
O presidente do TSE, ministro
Gilmar Mendes, reservou quatro sessões para o julgamento, mas não é possível
prever a data em que sairá a sentença final. O certo é que a ação começará a
ser analisada na manhã desta terça-feira, a partir das 9h.
Como as cadeiras disponíveis
no plenário do TSE não são suficientes para acomodar todos os advogados,
jornalistas e curiosos que pretendem ir ao tribunal nesta semana, a Corte
instalou telões em dois auditórios para acomodar o público.
Até a última sexta (31), já
havia mais de 170 jornalistas credenciados para cobrir o julgamento. No
entanto, apenas 20 profissionais da imprensa terão a possibilidade de
acompanhar a análise da ação dentro do plenário. O resto terá que se dividir
entre os auditórios e os corredores da imponente sede do TSE.
Por conta do aumento
significativo na circulação de visitantes, o tribunal vai colocar em prática
medidas adicionais de segurança. Uma delas é a concentração do ingresso do
público apenas pela entrada principal do prédio para facilitar a revista por
parte dos seguranças. Em meio ao julgamento, os outros acessos às dependências
da Corte ficarão bloqueados.
Tanto funcionários quanto
visitantes terão de passar obrigatoriamente pelo detector de metais. Já
mochilas, pastas e bolsas serão inspecionadas por um equipamento de Raio X.
Além do reforço interno na
segurança, a Polícia Militar do Distrito Federal intensificará as rondas nas
imediações do prédio do TSE e dos outros tribunais que ficam próximos à Corte
eleitoral, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Superior do
Trabalho (TST).
Também haverá uma UTI móvel
estacionada no pátio do TSE para atender eventuais emergências médicas.
O que
está em jogo
Derrotado no segundo turno da
corrida à Presidência, o PSDB é o autor da ação que passará a ser analisada
nesta semana pelos sete ministros do TSE.
O julgamento no plenário é o
capítulo final de um processo que se desenrola desde o início de 2015 para
apurar se a campanha que teve Dilma como candidata a presidente e Temer, como
vice, cometeu abuso de poder político e econômico, recebeu dinheiro de propina
e se beneficiou do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Se a chapa for condenada,
Temer pode ser afastado do comando do Palácio do Planalto e Dilma poderá ficar
inelegível por oito anos. Apesar de a petista ter sido destituída da
Presidência no ano passado por um processo de impeachment, os senadores mantiveram os direitos políticos dela.
Se Dilma for considerada
culpada pelos supostos abusos na campanha de 2014, ela poderá, desta vez, ficar
impedida de ocupar cargos públicos e disputar eleições.
Os advogados de Temer querem
que o TSE separe as contas do peemedebista das de Dilma. Para
a defesa do presidente, embora eles tenham sido eleitos pela mesma chapa, não é
possível que os dois respondam conjuntamente pela prática de crimes eleitorais
pelo fato de terem se coligado na eleição de 2014.
Na avaliação de integrantes
do tribunal eleitoral, Temer poderá até ser inocentado de responsabilidade
pelas supostas irregularidades cometidas na campanha do PT e do PMDB, porém,
por ser beneficiário desses atos, é possível que ele perca o mandato de
presidente da República e mantenha a condição de elegibilidade.
Mesmo se Dilma e Temer forem
condenados, a sentença do TSE neste julgamento não será, necessariamente,
definitiva. Cabe recurso da decisão tanto ao próprio tribunal eleitoral quanto
ao Supremo Tribunal Federal.
Entretanto, se, esgotados os
recursos, for mantida uma eventual condenação de Dilma e Temer, é possível que
seja necessário convocar uma eleição indireta, por meio do Congresso Nacional,
para escolher quem iria concluir presidir o país até as eleições gerais de
2018.
Neste cenário, o próprio
Temer poderia ser candidato à Presidência na eleição indireta, caso ele,
realmente, venha a manter os direitos políticos ao final do julgamento no TSE.
Provas e depoimentos
Ao longo da fase de coleta de
provas, o TSE determinou a realização de diligências e perícias, quebrou
sigilos e ouviu dezenas de depoimentos, como os de executivos e ex-dirigentes
do grupo Odebrecht.
Os delatores da construtora
relataram ao corregedor do TSE, em fevereiro, o pagamento de despesas da
campanha de Dilma e Temer por meio de caixa 2, o que as defesas negam.
Em meio ao processo, o
tribunal eleitoral também tomou os depoimentos de empresários donos de três
gráficas que prestaram, em 2014, serviços à campanha presidencial do PT e do
PMDB. Essas gráficas são suspeitas, segundo as investigações da Polícia
Federal, de terem recebido dinheiro da campanha sem que os serviços tenham sido
prestados.
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