Como lidar com o fenômeno de milhares de fãs que o seguem e de seus bons números nas pesquisas de opinião
Os processos que correm contra o deputado Jair Bolsonaro,
e que podem tirá-lo da corrida presidencial, parecem mais um arremedo inventado
por seus desafetos. Claro que foi com a cooperação dele: 11 anos (!) depois de
ter sido chamado de estuprador pela deputada Maria do Rosário (isso sim,
possivelmente um crime), ele respondeu a ela em 2014, dizendo que ela não
merecia ser estuprada (subentendido aí um comentário depreciativo à beleza
dela). Podemos lamentar a boçalidade da ofensa, ainda mais no plenário do
Câmara, mas tirar daí algum tipo de apologia ao estupro é absurdo.
Querem
tirar Bolsonaro na tecnicalidade, por um crime fictício e sem vítima
(diferente, por exemplo, de propinas que desviam recursos e realmente
prejudicam a sociedade), talvez por não saberem como lidar com ele. Como lidar
com o fenômeno de milhares de fãs que o seguem e de seus bons números nas
pesquisas de opinião. É muito cedo para fazer qualquer previsão, e é bem
provável que, aparecendo o nome forte e sério da direita para derrotar Lula, o
balão de ar da candidatura Bolsonaro murche. Ele também deve saber que uma
vitória presidencial é improvável, e deve considerar seriamente se não seria
melhor garantir a vaga de Deputado e desistir da corrida no Executivo. Seja
como for, o resultado dele até agora é surpreendente.
Eu
considero Bolsonaro, em termos pessoais, uma das piores opções imagináveis para
ocupar a presidência. Não tem nenhum conhecimento relevante, seus discursos são
pura demagogia, ele apela a desejos violentos do eleitorado, é leniente com
violência contra homossexuais, seu jeito errático não inspira nenhuma
confiança, sua carreira na Câmara (26 anos) é – desconsiderados os showzinhos
de boçalidade – desprovida de qualquer realização.
Dito
isso, ficar indignado ou horrorizado ante o fenômeno Bolsonaro é a pior reação
possível. Primeiro porque isso o beneficia; ele ganha votos em chocar as
sensibilidades, isso é parte de seu apelo. E segundo porque esse escândalo,
essa tentativa de se mostrar moralmente superior a Bolsonaro ou seus eleitores,
impede o tipo de comunicação frutífera que pode mostrar, com bons motivos, que
ele é uma má opção.
Acredito
que o sucesso atual de Bolsonaro venha de duas fontes. A primeira é a reação ao
politicamente correto e ao feminismo. É incrível o número de jovens do ensino
médio que, cansados com o policiamento do pensar e do falar, do uso hipócrita e
falacioso de supostas “lutas” de minorias para justificar qualquer cretinice,
veem no Bolsonaro um herói de sua resistência pessoal. Cada grosseria colegial
dita pelo Bolsonaro é uma desforra pelos pequenos silenciamentos pelos quais o
jovem médio passa no dia a dia. Associar-se a ele é ter uma resposta à altura,
um modo de se autoafirmar. Talvez isso explique as festas de aniversário e até
casamentos que têm Bolsonaro como tema (sim…).
Trocar a
eficácia política e seriedade na busca de soluções por esse tipo de
representação simbólica é um dos vícios da nossa época. A resposta a isso é a
seriedade pessoal. Mostrar que política não é – nem deveria ser – esse teatro
adolescente, mas que pede, ao contrário, temperamentos adultos, maduros,
capazes de fazer o trabalho sério que os problemas do Brasil precisam. “Mitar”
e “lacrar” nas redes pode ser gostoso; mas ter um país que funcione é muito
melhor.
O segundo
motivo é mais direto: segurança pública. Brasileiros de todas as classes
sociais estão – com razão – sentindo medo de sair às ruas. A violência é
onipresente e o crime parece compensar. Educação, oportunidades econômicas e
intervenções urbanas (como mais iluminação) podem ter um papel para reduzir a
criminalidade, mas nada pode substituir o trabalho essencial da polícia e da
Justiça: pegar criminosos e puni-los. Enquanto nenhum candidato sério falar
desses temas sem medo – propor caminhos para, por exemplo, aumentar a taxa de
resolução de homicídios, que hoje está em menos 5% –, votos continuarão a ir
para soluções demagógicas e indiscriminadamente violentas que, ademais, não
funcionam.
Polícia
que executa suspeitos, justiçamentos populares, nada disso tem lugar numa
sociedade civilizada. Mas uma população acuada pelo crime irá celebrar a
vingança contra criminosos (ou supostos criminosos) enquanto não tiver soluções
concretas para a segurança pública. Mais importante do que leis draconianas
para acabar com a vida de criminosos condenados é implementar políticas que de
fato aumentem as condenações.
A eleição
ainda está distante e há muito tempo para Bolsonaro se esvaziar. Isso só
acontecerá, contudo, se as alternativas a ele entenderem e lidarem com os
motivos compreensíveis que alimentam seu atual sucesso.
O mais aterrorizante não é o Bolsonaro e sim o LULA ainda ter alguém que vote nele, isso sim é um verdadeiro terror.
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e grau.
ExcluirDe tanto ver proliferar a violência que nos deixa cada vez mais presos e bandidagem solta nas ruas. De tanto ver que 99% dos grandes partidos e dos atuais políticos eleitos estão enterrados até o pescoço no lamaçal da corrupção, não vou votar em branco, porque votar em branco tô ajudando esses corruptos. Vou votar naquele político que até agora não foi envolvido pela laja jato e nem tem seu nome envolvido em qualquer ato de corrupção. SOU PATRIOTA, VOU VOTAR EM BOLSONARO!
ResponderExcluirPergunte ao Google qual o politico mais honesto e volte.
ResponderExcluirLula 2018. É nois.
ResponderExcluirEste pessoal que apoia bossonaro, deve ser igual os eleitores de Itarantim; visão limitada, vingativa, imatura. E que só faz a nossa realidade ficar onde estar. Parada.
ResponderExcluirBolsonaro 2018 eu voto!
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