O SACRIFÍCIO DE ABRAÃO: Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Mateus 7:15-20
Casal de pastores é indiciado por estupros de fiéis em
Edeia
Segundo a
investigação, eles diziam às vítimas que elas deveriam ter relações sexuais com
o homem para quebrar maldições. Suspeitos estão presos e negam crimes.
Por Paula Resende, G1 GO
Polícia Civil
indiciou na quarta-feira (18) os pastores Antônio Carlos de Jesus e Jéssica Teles
da Cruz por estupros de fiéis, inclusive adolescentes, em Edeia, na região sul
de Goiás. Segundo a investigação, eles diziam às vítimas que elas deveriam
ter relações sexuais com o homem para quebrar maldições. O casal está preso e
negou à polícia ter cometido os crimes.
“Com
as maiores de idade, Antônio falava que tinha uma maldição para quebrar e dava
duas opções, uma opção era ter relação sexual com o cunhado ou o sogro e a
outra, com ele. Se não fizesse, dizia que a vítima ou parentes iam morrer,
ameaçava. Nas menores ele não dava a opção esdrúxula, dizia que tinha de
quebrar a maldição com ele”, disse ao G1 o delegado responsável pelo caso,
Quéops Barreto.
O
G1 não conseguiu localizar a defesa do casal até a última atualização desta
reportagem.
Antônio
Carlos foi indiciado pelo estupro de cinco fiéis da Igreja Falando com Deus,
sendo uma de 13 e outra de 14 anos. Já a mulher dele deve responder apenas
pelos abusos cometidos contra as duas adolescentes.
“Constatamos
que ela teve participação e deve responder pelos crimes porque ajudava a
amedrontar as vitimas, instigava o medo e ajudava a convencê-las de fazer o
‘sacrifício’”, explicou o delegado.
Denúncia
O casal
está preso desde o dia 22 de setembro. O caso só foi descoberto neste ano
porque a mãe de uma vítima, de 16 anos, estranhou o comportamento da filha
relacionado à questão de virgindade no namoro. Ao questioná-la, ela revelou o
que aconteceu.
“O
pastor disse que ela deveria fazer o ‘Sacrifício de Abraão’ porque ela tinha a
maldição de sexo e só quebrava com sexo. Ele falava que, se não fizesse, a mãe
e os irmãos iam morrer, usava a fé e o medo”, explicou Barreto.
A
adolescente foi vítima dos abusos dos 13 aos 15 anos. Barretos explica que o
pastor abusou da menina em quase 20 ocasiões. A menina ia para a igreja, e ele
a levava para a casa dele, que fica nas proximidades.
Em
entrevista à TV Anhanguera, a adolescente contou que sentia pavor.
"[Pastor] Ele falou que Deus estava pedindo um sacrifício da minha parte e
que era para quebrar uma maldição hereditária de prostituição na minha família.
Ele disse com todas as palavras que o sacrifício seria a minha virgindade. Que
eu teria que me deitar com ele. Eu sentia pavor", disse.
A
mãe da adolescente revelou ainda que o pastor chegou a fazer a mesma proposta
para ela, mas não obteve êxito. Depois dessa situação, ela e a filha deixaram a
igreja.
Barreto
afirma que o pastor cometeu os crimes desde que chegou à cidade, em 2010. Por
isso, a polícia crê que possa haver mais vitimas.
“Acreditamos
que teve gente que não quis falar, ficou com receio de revelar. Mesmo com a
conclusão do inquérito, as vítimas que desejarem podem procurar a delegacia
para denunciar os abusos”, explicou.
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