Pouco menos de quinze
minutos depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregou à
Polícia Federal, o jornal americano The New York Times disparou o alerta aos
celulares de seus leitores: “Ex-presidente do Brasil se entrega para cumprir 12
anos de prisão por corrupção, uma impressionante queda para um líder que
transformou o país”.
A trajetória de Lula, de ícone mundial da esquerda a
condenado e preso por corrupção, foi destaque nos relatos da imprensa
internacional neste sábado (7), quando o petista se entregou à Justiça.
O ex-mandatário foi chamado de “porta-estandarte da
esquerda global” pelo The Washington Post, que também lembrou de sua trajetória
como filho de agricultores analfabetos e líder sindical, e do governo que tirou
20 milhões de brasileiros da pobreza, segundo estudo do Banco Mundial.
A frase de Barack Obama, que o chamou de “o político
mais popular do mundo”, foi lembrada pelos dois principais diários americanos,
como forma de marcar a “extraordinária reviravolta” de sua carreira política,
segundo o The Washington Post.
“Lula ficará em uma cela de pouco menos de 15 m2, com
um assento sanitário privativo e chuveiro”, informou o francês Le Monde
--segundo o qual o petista deve ficar de fora da eleição na qual,
“ironicamente, está quase 20 pontos percentuais à frente das intenções de
voto”.
O New York Times destacou que as acusações contra Lula
são “um pequeno capítulo nos anais da Lava Jato”, uma investigação que condenou
120 pessoas até agora e que comprometeu o legado de seu governo.
O “impasse dramático” nas horas que antecederam a
prisão também foi registrado. O Le Monde falou das “cenas caóticas” no
sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, e o Wall Street Journal
destacou a “saga televisionada” da rendição que “fixou os olhares do país por
dois dias”.
O argentino Clarín transmitia ao vivo, na página
inicial de seu site, as imagens da rendição de Lula, destacando o “forte
aparato de segurança” na chamada. Boa parte dos principais veículos
latino-americanos trazia a notícia na capa. O colombiano El Tiempo deu destaque
a uma análise da agência de notícias France Presse que avalia que a prisão do
petista é “um golpe mortal a toda uma geração de líderes da região”, e pode
radicalizar a esquerda da América Latina.
Alguns veículos questionaram se Lula será capaz de
manter o poder político e a mobilização da militância mesmo detrás das grades.
O Wall Street Journal destacou o trecho do discurso em que Lula afirmou que
“não é mais um ser humano, mas uma ideia”, e disse que o PT deve usar a imagem
de seu fundador como a de um “mártir”, para ganhar apoio nas eleições deste
ano.
O espanhol El País registrou que Lula afirma ser
inocente e que fez um chamamento para que seus simpatizantes defendam suas
ideias, por meio da declaração de que “há milhões e milhões de Lulas para andar
por ele”.
Para a inglesa BBC, ele ainda tem uma “voz poderosa”.
Mas para o New York Times, o discurso de Lula antes de se render mostra que
“ele parece ter reconhecido que sua carreira política acabou --ao menos por
enquanto”.
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