CONVITE AO PENSAR: A REELEIÇÃO DO PREFEITO NÃO ACONTECEU, QUEM GANHA E QUEM PERDE?
POR José Alves Nunes
Um dos fatos políticos trazidos com o resultado das urnas - [que apresentei por meio de artigo] - foi a não eleição de mulheres em 2020, uma perda imensurável para toda sociedade. Outro fato político, também relevante, é a NÃO REELEIÇÃO DE MAIS UM PREFEITO em nossa cidade, o segundo consecutivo. Esse segundo fato político nos leva naturalmente ao seguinte questionamento: QUEM GANHA E QUEM PERDE com a não reeleição do prefeito Paulo Construção?
Antes, porém, é importante entender que em política ganhar e perder são faces da mesma moeda, aquele que foi o ganhador a quatro anos agora é o grande perdedor. Somente no decorrer dos quatro anos saberemos, com clareza, a saga dos vencedores e dos vencidos desta eleição. Só então poderemos dizer, de fato, quem veio para ficar e quem saiu para não voltar. Uma coisa, contudo, é certa, para os que estarão sob o “dossel sagrado” da prefeitura quatro anos passa rápido demais. Já para aqueles que perderam a proteção do manto, quatro ou oito anos demoram uma eternidade. É amparado ou longe do “dossel sagrado da prefeitura” que conheceremos o poder de articulação dos líderes políticos. Será no decorrer desse período que vai se revelar, mais claramente, quem é quem no novo cenário político que se apresenta.
O que sabemos hoje é que Paulo Construção tornou-se o segundo prefeito a não se reeleger em nossa cidade, sendo que Dr. Paulo (in memoriam) preferiu não encarar a reeleição, sábia decisão. Portanto, com o perdão da redundância, quem perde com a não reeleição é Paulo Construção e quem ganha Fábio Gusmão, isto hoje na atual conjuntura. É bom dizer também que ficou visível aos mais atentos (principalmente na reta final da campanha) que o grupo do prefeito estava dividido em três grupos. O grupo mais alinhado ao prefeito, vendia a ilusão de que era possível reverter a rejeição e ganhar a eleição. Um segundo grupo sabia que a missão era impossível, mas temendo represália fingia concordar ou tentava não discordar publicamente. Já o terceiro grupo não só falava do quanto era impossível, como tentava dissuadir o prefeito da “loucura” da reeleição. Paulo, claro, preferiu ouvir o grupo mais alinhado ao seu desejo de reeleição, quando deveria escutar as ruas, as redes sociais e as pesquisas internas que revelavam o índice da sua rejeição. E, como diz a máxima: “Quem quer tudo, perde tudo”.
Paulo saiu de uma vitória histórica, para uma rejeição e derrota meteórica. Em 2016 recebeu 5.502 votos carregados de muita esperança, agora em 2020 foram apenas 3.347 votos carregados de alta rejeição e decepção com seu governo. Perdeu quase 2.200 votos, perdeu popularidade e muitos aliados políticos. Lutar pela reeleição é um direito legitimo de qualquer prefeito, mas a legitimidade só se sustenta quando o povo (em sua maioria) pede nas ruas e/ou nas redes sociais. Sem o aval do povo não existe legitimidade, é correr riscos desnecessários. Quando se opta pelos riscos o preço a pagar é alto demais, e pode vir acompanhado de muitas dores de cabeça, intrigas, “traições”, chantagens e, até, “alguns processos na justiça”.
Pode-se dizer, na atual conjuntura, quem mais perdeu com a não reeleição foi Paulo Construção e quem mais ganhou Fábio Gusmão, claro, além do POVO. Ao não dar um segundo mandato ao prefeito, o povo (que muitas vezes é criticado injustamente) superdimensionou a REELEIÇÃO, colocando-a no patamar de ALERTA AMARELO. Ou seja, a reeleição em Itarantim já não gravita mais o sinal verde e, talvez, quem sabe, mais um pouco pode chegar no alerta vermelho. A próxima eleição será decisiva para definir o tom da cor e o grau de preocupação da reeleição em nossa cidade. Virar as costas para o povo durante três anos e “fazer as pazes” no último ano de governo, já provou que não garante a reeleição de nenhum prefeito. Pior. Deixar para inaugurar e fazer pequenas obras (mal planejadas) no último ano, também não.
Por definição, a reeleição é uma armadilha para o político mal avaliado, e um bom momento para o povo lavar a alma e ir à forra contra o mau político. Não é a toa que muitos políticos, quando mal avaliados, preferem declinar da reeleição e fugir de seus piores pesadelos. Na reeleição, o prefeito já não pode vender falsas esperanças ou ilusões e, muito menos, chegar nas casas dos seus ex aliados de “pires vazio”. É nesse momento (o da reeleição) que surgem os mui amigos, as traições, as mentiras, as chantagens..., as respostas atravessadas e malcriadas daqueles eleitores/eleitoras que foram abandonados e esquecidos nos quatro anos de governo.
O pensador político Nicolau Maquiavel ensinou, entre outras lições, como o poder deve ser conquistado e mantido. Talvez seja a hora dos políticos da nossa cidade começarem a pensar, já no início do mandato, como e quando querem deixar o poder conquistado. Em Itarantim a não reeleição de prefeito ainda não é uma tradição, mas a reeleição já não é tão “natural” como foi para alguns prefeitos.
* José Alves Nunes é Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas e Filosofia da Educação pelo ISTA
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