Convite ao Pensar: Retrospectiva Política/2025 em Itarantim

O ano de 2025 em Itarantim foi um período em que a política deixou de ser previsível e passou a ser palco de reviravoltas, tensões e reposicionamentos. Foram doze meses intensos, marcados por alianças improváveis, rupturas inesperadas e desafios administrativos e políticos que testaram a capacidade de resposta dos principais agentes públicos. Revisitar os principais fatos desse período é mais do que um exercício de memória: é um convite ao pensar sobre o que aprovamos e o que reprovamos em 2025 na política da cidade.

O primeiro ano do segundo mandato de Fábio Gusmão

A reeleição do prefeito Fábio Gusmão, com quase 8 mil votos históricos, veio acompanhada da promessa de continuidade administrativa e avanços. O discurso era claro: manter o ritmo, consolidar projetos e aprofundar políticas públicas iniciadas no mandato anterior. No entanto, 2025 mostrou que continuidade não significa ausência de turbulências. O governo enfrentou desafios estruturais, pressões políticas e episódios que colocaram à prova as promessas já no primeiro ano do segundo mandato.

Recondução dos secretários (as)

O ano de 2025 começou com a posse do prefeito Fábio Gusmão reeleito para o segundo mandato. Em seguida o gestor optou por reconduzir todos os secretários ao primeiro escalão. Para alguns, a decisão representou estabilidade e reconhecimento ao trabalho realizado. Para outros, sinalizou resistência à renovação. Em um governo reeleito com 7.966 votos, a expectativa natural era de ajustes e oxigenação, algo que não ocorreu nos primeiros meses do segundo mandato.

A eleição da Mesa Diretora

Em seguida tivemos a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal. Dudu dos Tutas (PSD), o vereador mais votado, assumiu a presidência com apoio direto do prefeito Fábio Gusmão (PSD). À época, a aliança parecia sólida: Executivo e Legislativo caminhando juntos, com Dudu ocupando um papel estratégico para garantir governabilidade e estabilidade. Mas a política é dinâmica, e 2025 tratou de mostrar isso de forma turbulenta.

Uma oposição enfraquecida que ganhou voz

Com apenas dois vereadores de oposição eleitos nas urnas em 2024 — e outros dois mais próximos do governo municipal — o Legislativo iniciou o ano de 2025 com baixa capacidade de enfrentamento político. Esse cenário favoreceu o Executivo, que encontrou pouca resistência para aprovar projetos e conduzir sua agenda. Mas também criou um ambiente de previsibilidade política que, mais tarde, cobraria seu preço.

As mudanças na educação

A educação foi um dos pontos mais críticos de 2025 na gestão Fábio Gusmão. Mesmo sem desejar mudanças profundas, o prefeito viu a pasta fazer mudanças que dividiram opiniões e geraram tensões internas e externas. As pressões culminaram, meses depois, na troca de comando da Secretaria de Educação. A instabilidade acendeu alertas sobre habilidade e competência, além da necessidade de evitar concentração excessiva de poder em mãos de quem demonstra pouca habilidade política.

A queda da cobertura do Mercado Municipal

Em 19 de maio, a queda da cobertura do Mercado Municipal expôs fragilidades na infraestrutura e gerou desgaste político imediato. A população cobrou respostas rápidas, e o prefeito precisou agir para conter danos materiais e de imagem.

A oposição - reforçada com Dudu, já distante da base governista - mostrou força e articulação. Os vereadores críticos à gestão tentaram convocar uma sessão extraordinária para expor o governo e apontar culpados pelo ocorrido. Inicialmente, conseguiram as assinaturas necessárias, mas o Executivo agiu rapidamente e desarticulou a iniciativa.

Se aquela sessão tivesse ocorrido, poderia ter produzido consequências políticas significativas para a gestão municipal.

Segurança pública

A segurança pública tornou-se o principal pilar da primeira gestão Fábio Gusmão. Contudo, 2025 começou com episódios que elevaram a sensação de insegurança a níveis inéditos em Itarantim.

A resposta veio com a megaoperação “Três Pontas”, realizada em 25 de julho, envolvendo forças de segurança locais e regionais. A partir dali, houve uma recuperação perceptível e avanços como nunca antes na história da cidade.

Em 5 de setembro, um feito histórico: a inauguração da nova sede da Guarda Municipal e do Centro de Videomonitoramento consolidou a “volta por cima”. Os dias de insegurança não foram esquecidos e nem pode, mas a capacidade de reorganização tática ficou evidente e recolocou Itarantim entre as cidades mais bem equipadas da região.

A ruptura entre “criatura e criador”

Um dos fatos políticos mais marcantes de 2025 foi, notadamente, o rompimento de Dudu dos Tutas da base política do prefeito Fábio Gusmão. O que começou como parceria sólida transformou-se em distanciamento, críticas e oposição aberta. A ruptura expôs fissuras internas e mostrou que a relação entre Executivo e uma ala do Legislativo estava longe da harmonia inicial.

A oposição de Dudu e dos dois vereadores oposicionistas

Com a saída de Dudu, a oposição ganhou força política e narrativa no Legislativo. O trio passou a questionar decisões do Executivo, denunciar falhas e se posicionar como contraponto ao governo. O Legislativo, antes alinhado, tornou-se palco de debates mais intensos.

E as perguntas ecoaram pela cidade: ao escolher Dudu para a presidência da Câmara, o prefeito acertou ou errou? E Dudu, ao romper com o prefeito, agiu com coerência ou precipitação?

Ingratidão política ou coragem política?

A pergunta que dominou rodas de conversa e redes sociais foi direta: Dudu foi ingrato ou apenas exerceu sua autonomia política?

Para alguns aliados do prefeito, sua mudança foi ingratidão. Para outros, coragem de romper com o que considerava equivocado. Na política, rupturas raramente têm explicação única, quase sempre revelam tensões acumuladas.

Acertos e erros entre Executivo e Legislativo

O governo acertou ao manter projetos essenciais e ao recuperar áreas desafiadoras como a segurança. Acertou também ao reconduzir secretários experientes ao primeiro escalão. Mas, para alguns, errou ao subestimar a importância do diálogo político e ao permitir mudanças abruptas na educação em janeiro de 2025.

A relação com o Legislativo, que começou forte, terminou o ano fragilizada, um ponto que exige muitas reflexões políticas. 

A troca de comando na Educação

As mudanças abruptas na educação no início do segundo governo deveriam ter sido contidas pelo prefeito? Para alguns, sim; para outros, não.

O fato é que, em 10 de novembro, a então secretária pediu demissão. A troca representou, para muitos, o reconhecimento de que o setor precisava de nova direção. Para outros, ocorreu tarde demais. E quanto ao novo comando na educação?

A melhor notícia de 2025

Diante de tudo que aconteceu nas ações políticas e administrativas de Itarantim, talvez a melhor notícia seja a retomada das obras públicas do bairro Senhor do Bonfim. A obra da Unidade Básica de Saúde (UBS) já foi retomada. Os estudos para a finalização do colégio estão em andamento, com expectativa de início em breve. A retomada só foi possível graças ao novo PAC, parceria entre os governos municipal e federal. As duas obras darão mais valorização ao bairro e corrigirão uma dívida histórica.

Que venha 2026: um ano decisivo

Se 2025 foi um ano de rupturas e embates tensos, 2026 promete ser o ano das definições políticas. O governo deverá apresentar resultados concretos em inaugurações de obras e decidir sobre o posicionamento político de algumas lideranças, inclusive no Legislativo. A oposição terá de mostrar que não é apenas reativa, mas capaz de propor alternativas. E a população, sempre ela, terá o papel central: observar, cobrar e decidir nas urnas.

O resultado eleitoral em 2026 (para deputado, governador, senador e presidente), assim como a eleição da Câmara, enviará recados importantes aos principais líderes políticos de Itarantim e refletirá o que o povo pensa e deseja para o futuro.


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