Por pastor Zé Barbosa Jr.
O ano era 1989. Primeira eleição direta depois dos Anos de Chumbo no Brasil. Para quem, adolescente, viveu a efervescência das “Diretas Já”, agora era a hora de um sonho realizado: votar! Sonho ao qual, infelizmente não tive direito, já que militares em serviço inicial obrigatório não votam e eu estava servindo ao Exército.
Mas nada impedia minha militância e atuação nas ruas e, principalmente, nas conversas com amigos que viam os partidos de esquerda como ameaças à democracia e, principalmente, ao sistema religioso. “Os comunistas querem fechar as igrejas!”. Sim, eu ouço essa conversa desde sempre e para espanto de alguns, eu os defendia, porque para mim a fé e a política sempre andaram de mãos dadas. Não são inimigas! Não poderiam ser. Muito menos um sistema que prevê a igualdade entre todos. Não era isso que eu pregava como cristão?
Eu, desde a adolescência, fui um idealista. Um crente, no melhor sentido da palavra, pois nunca deixei de acreditar num outro mundo possível, na mudança dos sistemas e, especialmente, da realidade de muitas pessoas que viviam (e ainda vivem) vidas miseráveis num país tão rico e “abençoado” como o Brasil. Essas injustiças sempre mexeram comigo. Sempre!
Daí que aquele novo partido que havia surgido, com um metalúrgico como candidato à Presidência, me arrebatou o coração. E não hesitei: colei uma estrela do PT na capa da minha Bíblia. Estava ali a minha heresia maior, meu solitário e silente ato de rebelião num lugar onde aquele nome era quase proibido. Achava engraçado quando as pessoas falavam: “Como pode, um rapaz tão crente, inteligente e voluntarioso aderindo a esse partido?” Será que não percebiam que a pergunta era autoexplicativa?
De lá até hoje, sempre tive que lidar com os crentes que “odeiam a esquerda” e tremem diante do nome “PT” tal qual Scar diante do nome Mufasa, em “O Rei Leão”. E a lógica é a mesma: odeiam o que os revela incapaz! Abominam o que, só por existir, denuncia o seu discurso incoerente. Não hesito em afirmar: quem odeia o PT, odeia a democracia. Tem medo dela!
Nesses anos de caminhada ouvi que “o PT ia fechar as igrejas”, que “o PT ia obrigar as igrejas a fazerem casamentos gays”, que “o PT ia aprovar leis para proibir cultos nas ruas”, etc… O PT esteve no poder por 14 anos e, curiosamente, foi o período em que as igrejas mais cresceram no Brasil, facilmente entendido porque, como foi um período de prosperidade financeira para o Brasil, e o povo “crente” costuma ser fiel no dízimo, as igrejas, consequentemente, arrecadaram mais e puderam investir no crescimento de seus projetos.
Mas, por que estou falando do PT (...)? Porque (...) [hoje], 10 de fevereiro, esse partido faz aniversário! E se tem duas coisas das quais me orgulho de ser é cristão e petista! E quero levantar um brinde aos 41 anos do maior partido de esquerda da América Latina, e que nos deu o melhor presidente que esse país teve até hoje: Luís Inácio Lula da Silva. Há quem torça e diga que “o PT morreu”, mas isso é tão verdadeiro quanto os absurdos que as igrejas diziam e ainda dizem durante todos esses anos a seu respeito.
O PT está mais vivo que nunca! E retoma seu crescimento após uma covarde e violenta onda de acusações e maldades contra o partido que mais fez pelo Brasil até hoje. Sim! Se “a vida começa aos 40” vocês não viram nada do que o PT ainda fará por esse país e por nossa gente. Vida longa ao Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras! Meu Partido, meu orgulho!
E se “é Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar”, como cristão e petista não tenho dúvidas: Ninguém apaga essa Estrela!
José Barbosa Júnior é teólogo, pastor da Comunidade Cristã da Lapa e escritor.
Texto publicado na revista Fórum: revistaforum.com.br
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