Lamentaríamos muito se tivéssemos a
capacidade de perceber as constantes hipocrisias nas mensagens, que, se quer,
se preocupam com as denúncias reveladas nelas próprias. No artigo anterior, eu
disse que não conseguia entender como num vídeo tão inusitado, um prefeito oferecia
serviços e equipamentos públicos, numa subordinação que beira a vassalagem. Eis
que surge o senador da república, Otto Alencar, para tentar suavizar a inconsonância
nas infelizes palavras do prefeito, no caso, Fábio Gusmão, de Itarantim. O
senador, a parecer ser o “doutor que não pede, manda”, se utiliza de afagos direcionados
para tentar justificar o que deveria orientar. Por ser membro da câmara alta, o
parlamento cientifico, e por conhecer a liturgia dos cargos, não poderá ele dizer
que o prefeito se utilizou de uma figura de linguagem para agradá-lo. Aliás,
penso, o vídeo divulgado pelo senador foi estratégico, ele poderá ter sido
feito propositalmente para tentar evitar maiores desgastes, à luz de sua
revelação.
De forma dialética, no vídeo em que o
senador Otto Alencar reconhece e agradece o favor do prefeito, ele faz
promessas, dizendo que pretende, tanto ele, como seu filho, o deputado Otto
Filho, garantir verbas orçamentárias para calçamento de ruas e para a saúde.
Isso é uma prática recorrente, a parecer favores, como se não fosse obrigação.
Aliás, o senador cita o irmão já falecido, o ex-prefeito, Cícero Alencar,
porém, pelo menos, sem tanto exaltá-lo. Talvez, por ter consciência do desastre
social que fora seu governo entre 1993/96. É bom lembrar: O governo de Cícero
Alencar foi tutelado por Gideão Mattos através de seu filho, Clóvis Mattos,
nomeado para a secretaria de administração. Secretário aquele que centralizava
todas as decisões de governo. Poderíamos falar sobre seus fatos lamentáveis,
porém, o nobre parlamentar já deve saber e a população já sentiu suas dores.
Otto Alencar volta a citar o irmão para
memorizá-lo, ressaltando a instalação da rede de energia elétrica da região rural
do Jundiá, como se fosse uma dádiva política. A obra é uma determinação nacional,
através do Programa Luz Para Todos, obedecendo a um planejamento estrutural — Calma
senador, menos! Ainda no vídeo, como se num palanque eleitoral, relaciona seus
dizeres serenos, citando pessoas e situações que a ele parece agradáveis. Isso
é recorrente, pois, o senador tem uma forte atuação em cidades pequenas, onde
as carências fazem com que as obrigações públicas fiquem à mercê de favores
políticos, tantas vezes, de acordo com o grau de submissão.
Não duvidem! Otto Alencar é um político
arguto e habilidoso: Andou por vários partidos e exerceu vários cargos e
funções. Aliás, sempre esteve de posse em alguma atribuição pública, de governador
a presidente da Assembleia Legislativa; de secretário estadual a conselheiro do
Tribunal de Contas dos Municípios. Sempre discreto e solicito, evita desgastes
desnecessários. Foi das linhas políticas de ACM, em disputa por destaque no conceito
do velho cacique com Paulo Souto e César Borges. Num determinado momento, enquanto
os outros seguiram ativos na cena política, Otto Alencar foi encostado no TCM. Antagonicamente,
em 2010, após a morte de ACM, surpreendentemente, ressurge ao lado do petista
Jaques Wagner, de onde retorna ao cargo de vice-governador e, hoje, ambos
frequentam os tapetes azuis senatoriais. Wagner também é muito habilidoso, não
duvidem!
Além de Cícero Alencar, o senador Otto Alencar ainda tem outro irmão que foi prefeito de Simões Filho, hoje deputado estadual; e um filho, no mandato de deputado federal. Isso pode nos ajudar a entender seu poder de mando, conforme exaltação do prefeito Fábio Gusmão, em seu emocionado vídeo, como uma criança vislumbrada com a traquinagem. Feito que até mereceu um vídeo de agradecimentos, de tão nobre figura, conselheiro da república. O senador, sim, deve saber que muitas vezes, o brasileiro fala, mas, não compreende o que falou — Hein, nobre membro do cientificismo parlamentar! Qual é a ciência da língua? A esplendida condição de um singelo escritor dialogar com tão nobre senador? Pois é, minha avó paterna, Marialva Vieira Lima, que vive seus 102 anos em Osasco, SP, chegou ao Mandi Grande em 1944. Só não me venham querer inventar ‘nova história’, como de forma ignorante parece querer um ‘videomaker’. Conheçam suas histórias para interferir nas histórias de outros...
Contudo, apesar de sua quase
onipresença nos negócios palacianos baianos, Otto Alencar não participou do
processo de construção política de Fábio Gusmão (2016), que nasce da família
Luna, num primeiro momento, para depois estabelecer aliança com os militantes locais
do Partido dos Trabalhadores. Talvez, por isso, não tenha o chamado “amigo-irmão”.
Aliás, nos momentos mais difíceis, muitos ficaram atrás das paredes
silenciosas, muitas vezes, conspirando para julgá-lo como um ‘cachaceiro’ sem respeito
e compromisso — Ouvi isso muitas vezes! E tivemos muito trabalho para
desconstruir essa narrativa. Política é crua e cruel.
Por fim, o que se espera é que de forma planejada e transparente, outras estradas vicinais do município recebam a mesma atenção para viabilizar sua produção econômica. Por assim ser, o senador Otto Alencar, revelado o ‘doutor’ que manda, ao invés de usar seu importante tempo para gravar um vídeo em que promove um favor em benefício familiar, citando nomes e relembrando o inaceitável, que em nada contribui com o desenvolvimento humano de Itarantim, poderia orientar o prefeito Fábio Gusmão acerca de suas responsabilidades públicas institucionais em seu poder de fala. Isso poderá evitar que seu verbo se torne a verdade em si, para nosso lamento. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Blog Alerta Itarantim
De São Paulo, 20 de fevereiro do Ano da Graça de 2021, J Rodrigues Vieira, para o ‘blog’ Alerta Itarantim.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Blog Alerta Itarantim
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