A fragmentação política que já conseguimos enxergar
em Itarantim será a maior de todos os tempos e poderá mudar profundamente a centralidade
do poder político na cidade. Nesse cenário fragmentado, a nova geração política
que chega com força total nas várias esferas de poder do município, luta para
provar quem tem capital político de fato e, consequentemente, desmascarar quem
acha que tem.
Essa fragmentação política que surge com força total
nesta conjuntura e deve se estender até 2024, não é um fenômeno que se impôs de
forma natural. É fruto da ausência dos grandes líderes políticos que a cidade
perdeu nos últimos anos. Em 2017, a cidade ficou órfão dos ex-prefeitos
Florindo Dantas e Gideão Matos. Em 2018, Noel Cordeiro e Paulo Fernandes. E em
2020, do ex-prefeito Cícero Alencar. Além de outros grandes nomes que não chegaram
ao rol de ex-prefeitos, mas detinham influências políticas iguais ou até maiores.
Esses grandes líderes, por décadas, interferiram de
forma direta nos destinos políticos da cidade, construindo unidade na
diversidade dos partidos e lideranças. Suas partidas repentinas, abriram um
vazio existencial político profundo na cidade, gerando toda essa fragmentação e
competição por suas heranças políticas.
De todos, Gideão foi quem melhor ensaiou uma
transição do seu patrimônio político. Contudo, o escolhido não aproveitou a
oportunidade e não conseguiu capitalizar em seu favor o prestígio político do
alcaide. Pior, não deu a devida atenção, quando alertado, de que algumas
amizades do poder não são confiáveis e têm data de validade curta. O final
melancólico do governo Paulo Construção (DEM/UB) favoreceu, em parte, para toda
essa competição em busca da herança política do líder que o alçou ao poder. Nas
oposições, o que não vão faltar são deputados sendo apresentados ao povo pelos mais
variados líderes políticos, que se acham no direito de reivindicarem as suas partes
na herança política deixada por esses grandes líderes que já não estão entre
nós.
Na base do prefeito Fábio Gusmão (PSD) também não será muito diferente, e aquilo que aconteceu na escolha dos deputados estadual e federal no governo de Dr. Paulo, pode ajudá-lo a não cometer o mesmo erro. Nessa questão, talvez a visita do deputado Robinho (PP), “antes da hora”, seja de grande valia para auxiliá-lo no seu posicionamento político e, consequentemente, "exigir" lealdade de seus aliados que falam abertamente não apoiarem Rosemberg (PT), deputado do prefeito. Nesse momento de fragmentação política, não "exigir" lealdade pode ser um sério risco e um preço alto a se pagar. Afinal, exemplos não faltam de criaturas e amigos do poder que, no tempo oportuno, se levantaram contra o “criador”.
Diante de toda essa fragmentação política fica cada vez mais claro que deixamos para trás a Era dos Prefeitos Maiores, com suas grandes narrativas, e entramos na Era dos Prefeitos Menores. Nessa era, a luta política será diária e de todos contra todos, até surgir um “líder forte” capaz de unir em torno de si tantas lideranças, sem hegemonia política.
*Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas; Filosofia da Educação pelo ISTA; Cursou dois anos de Teologia; Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental e Lideranças para a Era Digital - Autor do livro 'O Camponês e o Naturalista' recém lançado pela a Amazon e a Uiclap.
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