Nos últimos dias, os profissionais da rede municipal de ensino de Itarantim viveram dias difíceis. Muitos presenciaram e quase todos ouviram falar da professora que foi punida, suspensa das atividades por trinta dias. Dias que ficarão marcados no histórico do município e no imaginário popular. No histórico daqueles e daquelas que de alguma forma poderiam “impedir” ou interferir, e nada fizeram. Diante da punição sofrida da professora e da omissão velada ou declarada de alguns, que o pensamento do pacifista Martin Luther King nos auxilie em meio a tanto nevoeiro: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons."
Se o silêncio ensurdecedor de muitos nos decepcionou nesses dias, o grito de outros era para identificar o responsável pela punição da professora. Numa clara tentativa de inocentar os seus e entregar outros ao sacrifício popular. Diante do silêncio e também do grito de muitos, a pergunta que pode devolver certo sentido, se feita de forma honesta, é: quem ganha quando uma professora é punida?
E antes que alguns se arvorem em suas respostas rasas, cheias de partidarismos ou tomados pela síndrome da “perseguição”. Vale a pena ler um trecho do estudo realizado com alunos e professores, que diz: “acreditar que punições à altura de cada infração podem contribuir para um ambiente mais tranquilo e disciplinado costumam fazer parte do senso comum da gestão (vida) escolar. Mas nos últimos tempos, diversos estudos, principalmente nos Estados Unidos, vêm apontando para um caminho oposto. Na Universidade de Stanford, pesquisadores demonstraram que uma atitude mais empática diante da indisciplina, no lugar de uma punitivista, é capaz de reduzir consideravelmente os índices de suspensão.
Para quem deseja aprofundar na leitura, segue o tema do excelente artigo e bem atual: “Empatia é mais eficaz do que punição”. Assim como o aluno não deve ser punido, suspenso ou transferido das suas atividades e convívio escolar, o princípio também deve valer para o professor(a). Afinal, não existe aluno sem professor. Nem professor sem aluno. Estamos todos juntos - autoridades constituídas e em postos de comando, gestão e coordenação, professores e alunos, pais e responsáveis - na mesma causa e luta diária.
Legitimar o punitivismo (suspensão) contra alunos ou professores, é a certeza de que beiramos o abismo do fracasso coletivo educacional. Estamos todos no mesmo barco da educação, num mar bravio e de ondas revoltas. Nesse cenário, a única forma de vencermos é melhorarmos a sincronia (empatia) e remarmos juntos na mesma direção.
*É Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas; Filosofia da Educação pelo ISTA; Cursou dois anos de Teologia; Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental e Lideranças para a Era Digital - Autor do livro 'O Camponês e o Naturalista' lançado pela a Amazon e a Uiclap.
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