Brasil cria Aliança Global de Combate à Fome com 147 adesões, 81 países e US$ 25 bi em caixa

A Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza foi oficialmente lançada, nesta segunda-feira (18), na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro. Construída ao longo de um ano, a partir de um processo de diálogo e colaboração, a Aliança nasce com 147 membros fundadores, incluindo 81 países, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, 9 instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais. Essa iniciativa inovadora visa acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza, prioridades centrais nos ODS.

O presidente Lula (PT) declarou: "enquanto houver famílias sem comida na mesa, crianças mendigando nas ruas e jovens sem esperança de um futuro melhor, não haverá paz. Sabemos, pela experiência, que uma série de políticas públicas bem desenhadas, como programas de transferência de renda, como o 'Bolsa Família', e refeições escolares nutritivas para crianças, têm o potencial de acabar com o flagelo da fome e devolver a esperança e dignidade para as pessoas".

Em 2024, os membros do G20, países parceiros e organizações internacionais trabalharam conjuntamente em uma Força-Tarefa dedicada à elaboração da estrutura fundacional da Aliança, que foi endossada por unanimidade durante a Reunião Ministerial do G20, no Rio de Janeiro, em julho. A liderança do Brasil na Força-Tarefa envolveu uma coordenação próxima entre vários ministérios, incluindo o de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Relações Exteriores e Fazenda, além de contribuições do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).  

"Vivemos hoje um marco histórico. A Aliança que construímos juntos, a partir da visão do presidente Lula, está agora pronta para transformar vidas e construir um futuro livre de fome e pobreza extrema", afirmou o ministro de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. "Este não é apenas mais um fórum de discussão – é um mecanismo prático para canalizar conhecimento e financiamento de forma eficaz e alcançar aqueles que mais precisam", enfatizou.

Entre os anúncios e compromissos estão o objetivo de alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030, expandir as refeições escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas, e arrecadar bilhões em crédito e doações por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas.

Um único banco, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), anunciou um aporte de US$ 25 bilhões (R$ 146 bilhões no câmbio atual), sujeito à aprovação da diretoria. Os empréstimos serão destinados a projetos na América Latina e no Caribe. Ao todo, nove instituições financeiras aderiram a aliança.

Missão e Governança

A missão da Aliança é clara: até 2030, visa erradicar a fome e a pobreza, reduzir desigualdades e contribuir para parcerias globais revitalizadas para o desenvolvimento sustentável. Prioriza transições inclusivas e justas, garantindo que ninguém seja deixado para trás.

A Aliança opera por meio de três pilares principais — nacional, financeiro e de conhecimento — projetados para mobilizar e coordenar recursos para políticas baseadas em evidências adaptadas às realidades de cada país membro.

Além disso, a Aliança realizará Cúpulas Regulares Contra a Fome e a Pobreza e estabelecerá um Conselho de Campeões de Alto Nível para supervisionar seu trabalho. Um órgão técnico enxuto e eficiente, o Mecanismo de Apoio da Aliança Global, será sediado na FAO, mas funcionará de forma independente para fornecer suporte estratégico e operacional, incluindo a promoção de parcerias em nível nacional para implementar iniciativas de combate à fome e à pobreza. O Brasil se comprometeu a financiar metade dos custos do Mecanismo de Apoio até 2030, com contirbuições adicionais de países como Bangladesh, Alemanha, Noruega, Portugal e Espanha.

Embora o G20 tenha sido a plataforma de lançamento para essa iniciativa, a Aliança agora funcionará como uma plataforma global independente, com o apoio contínuo e o impulso possível de futuras presidências do G20. A estrutura completa de governança, incluindo o Conselho de Campeões e o Mecanismo de Apoio, deverá atuar até meados de 2025. Até lá, o Brasil fornecerá suporte temporário para funções essenciais, como comunicação e aprovação de novos membros.

Membros fundadores da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza:

Países Membros e Entidades Regionais:  

  1. Alemanha 
  2. Angola 
  3. Antígua e Barbuda 
  4. África do Sul 
  5. Arábia Saudita 
  6. Armênia 
  7. Austrália 
  8. Bangladesh
  9. Benin 
  10. Bolívia 
  11. Brasil 
  12. Burkina Faso 
  13. Burundi
  14. Camboja 
  15. Chade  
  16. Canadá  
  17. Chile  
  18. China  
  19. Chipre 
  20. Colômbia 
  21. Dinamarca 
  22. Egito  
  23. Emirados Árabes Unidos  
  24. Eslováquia  
  25. Estados Unidos 
  26. Espanha  
  27. Etiópia  
  28. Federação Russa 
  29. Filipinas
  30. Finlândia  
  31. França 
  32. Guatemala 
  33. Guiné  
  34. Guiné-Bissau 
  35. Guiné Equatorial 
  36. Haiti 
  37. Honduras 
  38. Índia  
  39. Indonésia  
  40. Irlanda  
  41. Itália 
  42. Japão 
  43. Jordânia 
  44. Líbano  
  45. Libéria  
  46. Malta
  47. Malásia 
  48. Mauritânia 
  49. México  
  50. Moçambique  
  51. Myanmar 
  52. Nigéria  
  53. Noruega  
  54. Países Baixos  
  55. Palestina  
  56. Paraguai  
  57. Peru  
  58. Polônia  
  59. Portugal  
  60. Quênia  
  61. Reino Unido  
  62. República da Coreia 
  63. República Dominicana  
  64. Ruanda  
  65. São Tomé e Príncipe 
  66. São Vicente e Granadinas  
  67. Serra Leoa  
  68. Singapura 
  69. Somália 
  70. Sudão 
  71. Suíça 
  72. Tadjiquistão 
  73. Tanzânia  
  74. Timor-Leste  
  75. Togo  
  76. Tunísia  
  77. Turquia
  78. Ucrânia
  79. Uruguai  
  80. Vietnã 
  81. Zâmbia 
  82. União Africana
  83. União Europeia

    Instituições Financeiras Internacionais:

    1. Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB)

    2. Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)

    3. Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF)

    4. Banco Europeu de Investimento (BEI)

    5. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

    6. Grupo Banco Mundial  

    7. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB)

    8. Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)

    9. Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)

    Fundações Filantrópicas e Organizações Não Governamentais:

    1. Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL)  

    2. Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)  

    3. Fundação Bill & Melinda Gates  

    4. BRAC  

    5. Children's Investment Fund Foundation  

    6. Child's Cultural Rights & Advocacy Trust Agency

    7. Citizen Action   

    8. Education Cannot Wait 

    9. Food for Education   

    10. Instituto Comida do Amanhã  

    11. Fundação Getúlio Vargas (FGV)  

    12. GiveDirectly  

    13. Global Partnership for Education 

    14. Instituto Ibirapitanga  

    15. Instituto Clima e Sociedade (iCS)  

    16. Câmara de Comércio Internacional  

    17. Leadership Collaborative to End Ultrapoverty

    18. Maple Leaf Early Years Foundation  

    19. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal  

    20. Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI)  

    21. Pacto Contra a Fome  

    22. Fundação Rockefeller  

    23. Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI)  

    24. SUN Movement 

    25. Sustainable Financing Initiative

    26. Their World  

    27. Trickle Up  

    28. Village Enterprise  

    29. World Rural Forum   

    30. World Vision International   

    31. Instituto Fome  Zero

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