A disputa pelo comando da Casa Branca chega ao dia decisivo nesta terça-feira, 5, enquanto milhões de eleitores americanos decidem entre a vice-presidente democrata Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump. Harris pode se tornar a primeira mulher a assumir a presidência dos Estados Unidos, enquanto Trump, se vitorioso, retornará ao cargo após ter sido derrotado na reeleição em 2020 — algo que não ocorre desde o século XIX, com Grover Cleveland.
Pesquisas de intenção de voto refletem a intensa divisão do país. Embora Kamala tenha ligeira vantagem em estados como Michigan e Wisconsin, Trump está à frente em Arizona, Geórgia e Carolina do Norte, dentro da margem de erro. Pensilvânia e Nevada permanecem completamente indefinidos, tornando a vitória de qualquer um dos candidatos um quebra-cabeça. São necessários 270 votos no Colégio Eleitoral, e atualmente os estados já definidos contabilizam 226 para Kamala e 219 para Trump, segundo aponta reportagem do Estado de S. Paulo.
Campanha recheada de imprevistos e tensão
O ciclo eleitoral de 2024 foi surpreendente desde o início, especialmente do lado democrata. O presidente Joe Biden, de 81 anos, anunciou a desistência de sua candidatura em julho, após um debate constrangedor contra Trump na Geórgia. Biden, cuja idade e desempenho foram duramente criticados, abriu caminho para sua vice, Kamala Harris, que precisou reorganizar a campanha em tempo recorde. O movimento, apesar de arriscado, rendeu um fôlego novo ao Partido Democrata, que voltou a se aproximar de Trump nas pesquisas.
Trump, por sua vez, enfrentou uma campanha ainda mais turbulenta, sendo alvo de duas tentativas de assassinato e lidando com diversas questões judiciais. Em julho, o ex-presidente escapou por pouco de um atentado na Pensilvânia, sofrendo apenas um arranhão. A segunda tentativa, na Flórida, foi evitada pela polícia, que prendeu o suspeito antes do ataque. Além disso, Trump foi condenado a pagar US$ 5 milhões em um processo de assédio e enfrenta outras acusações, incluindo fraude fiscal e retenção de documentos sigilosos. Apesar dos escândalos, sua base de apoio segue mobilizada e engajada.
Kamala Harris enfrenta dificuldades em se descolar do legado econômico de Biden, que, embora tenha reduzido o desemprego, falhou em estabilizar a inflação e o poder de compra. A alta de preços nos últimos anos corroeu a renda real dos americanos, e a recuperação não é percebida pela população, especialmente nas áreas industriais do Cinturão da Ferrugem, onde o desemprego e os baixos salários são problemas estruturais.
Trump, que sempre recorreu a uma retórica populista e de confronto, prometeu fortalecer a economia americana ao limitar a imigração e aumentar tarifas sobre produtos importados, principalmente da China e do México. Seu discurso, que encontra eco em estados industriais como Pensilvânia, Ohio e Michigan, apela para a ideia de que os imigrantes são responsáveis pela queda nos salários e pela escassez de empregos. Em contrapartida, economistas alertam para o impacto negativo dessas medidas, prevendo aumento dos preços ao consumidor e possível retração econômica.
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