Convite ao Pensar: 13 e 14 de Maio: Entre a liberdade formal, a exclusão real e o Dia da Consciência Negra
O 13
de maio de 1888 é celebrado como o dia da assinatura da Lei Áurea, que
aboliu oficialmente a escravidão no Brasil. É uma data que simboliza a
conquista de um direito fundamental: a liberdade. No entanto, a história não
pode ser contada apenas pelo ato jurídico. O dia seguinte, o 14 de maio,
revela uma realidade cruel e pouco lembrada: milhões de homens e mulheres
libertos foram abandonados à própria sorte, sem acesso à terra, educação,
alimento, trabalho digno ou políticas de inclusão.
O
que chamou a atenção daqueles que estudam mentes, comportamentos e a sociedade POLÍTICA é que, na sessão ordinária do dia 18, nenhum vereador de Itarantim lembrou de
destacar o 'Dia da Consciência Negra'. Até mesmo aqueles que têm suas
origens diretamente marcadas por esse acontecimento nada disseram, nada
registraram. Outras datas fazem questão de lembrar e registrar com discursos
longos e, por vezes, contraditórios. Lembram de datas que legitimam os
opressores de ontem e os próprios algozes de seus e nossos antepassados. Lamentável,
muito lamentável e triste.
Se
o 13 de maio representa o fim de um sistema opressor, o 14 de maio
escancara a ausência de reparação. A liberdade foi concedida sem condições para
que os ex-escravizados pudessem exercer plenamente sua cidadania. O resultado
foi a perpetuação da desigualdade racial e social que ainda marca o Brasil
contemporâneo.
É
por isso que muitos movimentos sociais defendem que o 13 de maio não deve ser
visto apenas como uma celebração, mas como um marco de reflexão crítica e de
cobrança por reparação histórica. A verdadeira emancipação não ocorreu naquele
dia, ela foi adiada até os dias atuais. O 14 de maio simboliza o vazio deixado
pelo Estado, que libertou corpos, mas manteve mentes e vidas aprisionadas pela
exclusão.
Hoje, mais de um século depois, a luta por igualdade continua. O racismo estrutural, a falta de oportunidades e a marginalização de comunidades negras ou pretas são heranças diretas desse processo histórico. Reconhecer o 13 de maio é importante, mas lembrar o 14 de maio é essencial para compreender que a abolição foi incompleta e que a dívida histórica permanece.
Portanto, refletir sobre essas datas é reconhecer que a liberdade não pode ser apenas formal. Ela precisa ser acompanhada de justiça social, reparação e inclusão. Só assim o Brasil poderá transformar o 13 de maio em um verdadeiro símbolo de emancipação e o 14 de maio - e ainda mais o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares - em marcos de reconstrução da dignidade.
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