Abrindo o Baú:

o

"Se o dinheiro tivesse sido canalizado para a realização de obras sociais, certamente Itarantim seria hoje uma das cidades mais desenvolvidas do interior da Bahia, um paraíso, cuja população teria uma das melhores qualidades de vida".

o

Jornal A Tarde 07/12/1993. Itarantim poderia ser paraíso, diz vereadora Durante a gestão do prefeito Gideão Matos (PFL), a cidade de Itarantim, distante cerca de 700km de Salvador, recebeu algo em torno de US$3,4 milhões em subvenções sociais, resultado do apoio que o ex-prefeito deu à candidatura do deputado João Alves. O total das verbas recebidas, segundo avalia a vereadora Eliene Alves de Souza (PPR), supera recursos recebidos por grandes capitais brasileiras, a exemplo de São Paulo, Curitiba e Fortaleza. “Se o dinheiro tivesse sido canalizado para a realização de obras sociais, certamente Itarantim seria hoje uma das cidades mais desenvolvidas do interior da Bahia, um paraíso, cuja população teria uma das melhores qualidades de vida”, analisa a vereadora. Autora, juntamente com outros vereadores do seu partido, de uma série de denúncias contra o ex-prefeito Gideão Matos, a vereadora não entende porque a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga as denuncias do ex-assessor da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, José Carlos Alves dos Santos, de desvio de verbas públicas, ainda não decidiu averiguar as denúncias que pesam sobre Gideão Matos, acusado de enriquecimento ilícito. “Encaminhamos todo o material que comprova nossas denúncias contra Gideão Matos ao presidente da CPI, Eduardo Suplicy”, informa Eliene Souza, admirada que a CPI já tenha apurado denúncia anônima envolvendo o ex-prefeito de Eunapólis, Gediel Sepúlveda, no esquema liderado por João Alves e até o momento não tenha se interessado pelas denúncias em Itarantim. ENRIQUECIMENTO Ao acusar o ex-prefeito Gideão Matos, a vereadora tem segurança de não estar cometendo qualquer “injustiça política”. O recebimento de verbas federais pela Prefeitura Municipal de Itarantim não constitui segredo. “foram convênios assinados com os ministérios da Educação, Saúde, Ação Social, cujas cópias enviamos à CPI”, revela a vereadora. Se as verbas chegaram sem segredo, o seu destino é um verdadeiro mistério, já que elas nunca foram aplicadas em obras na cidade. “A falta de aplicação dos recursos é flagrantes. As obras relativas aos convênios firmados com o governo federal jamais foram realizadas. Sequer iniciadas”, atesta Eliene Souza, convicta de que a ex-administração de Itarantim foi recordista no descaso com as verbas federais e estaduais que deveriam ser revertidas em melhorias para a cidade. LEVANTAMENTO Em paralelo ao visível subdesenvolvimento da distante Itarantim, desponta o enriquecimento do ex-prefeito um homem que até assumir o cargo era considerado pobre, possuindo apenas como bens uma casa modesta e um carro em péssimo estado de conservação. “O levantamento feito no Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas da Comarca de Itarantim mostra que Gideão Matos adquiriu, em seu nome e do filho Cloves Silveira Matos, as maiores propriedades existente na região”, conta Eliene Alves de Souza, lembrando que o levantamento foi feito apenas em Itarantim, mas que provavelmente o ex-prefeito adquiriu bens em outras cidades da região. Em nome de Gideão Matos e Cloves Silveira Matos foram negociados centenas de hectares de terra numa mais cobiçadas regiões leiteiras do estado. As acusações contra Gideão Matos vão além das terras por ele adquiridas. O súbito crescimento do patrimônio do ex-prefeito causou a curiosidade da população de Itarantim, que não consegue entender como, em tão pouco tempo, o ex-prefeito passou a adquirir tantos imóveis, veículos, rádio FM, postos de gasolina, dentro outros bens. A ostentação do prefeito e seus familiares despertou a atenção de todos”, avalia a vereadora, que informa que o ex-prefeito é proprietário de dezenas de fazendas, postos de gasolina, uma clínica de fisioterapia, terrenos na área urbana, frota de veículos e uma rádio FM, atualmente desativada pelo Dentel.