Convite ao Pensar: Fim do segundo ROUND entre criatura e criador, faltam ainda o terceiro e o quarto em 2026

A política, dizem os clássicos, é a arte do diálogo. Em Itarantim, contudo, nos últimos dias, parece ter se transformado na arte do silêncio, e de um silêncio calculado, quase teatral. O encerramento das atividades legislativas de 2025, que deveria ser uma celebração institucional, converteu-se em um cenário de ausências: sem prefeito, sem vice, sem secretários e, para coroar, sem mensagem. Um silêncio tão ensurdecedor que dispensou mensagem, mensageiro e discurso.

O peso da ausência

Em política, cada gesto é um recado, e cada ausência é um Editorial. A tradição de enviar mensagens ao Legislativo no início e no fim do ano não é mero protocolo: é um ritual que revela o nível de relação entre os poderes. Ao romper com essa prática, o Executivo municipal não apenas se retirou da cena, preferiu o silêncio como recado. O presidente do Legislativo, indignado, classificou o episódio como inédito em duas décadas. Mas quem é “vítima” e quem é “vilão” nesta história? Antes de responder, convém lembrar que, em política, os papéis raramente são tão lineares.

Um passo atrás na história

Em agosto, na abertura dos trabalhos do Legislativo, o primeiro escalão do Executivo compareceu quase em peso. Mensagem enviada, secretários presentes, solenidade cheia. O prefeito, diplomático, em sua mensagem evitou mencionar o rompimento com Dudu. Já o presidente da Câmara, em tom de tribuno inflamado, aproveitou a plateia para anunciar sua saída definitiva do grupo político, como quem transforma a tribuna em palco de tragédia grega. O público visitante, que esperava apenas solenidade, ganhou drama e palavras fora de momento.

Cinco meses depois: silêncio absoluto

Se em agosto houve excesso de membros do primeiro escalão, em dezembro houve escassez de palavras e de presenças. Nada de mensagem, nada de secretários, nada de plateia. O recado, desta vez, foi dado pelo vazio. Ironia das ironias: a ausência falou mais alto do que qualquer discurso inflamado. O Executivo preferiu não se expor a novas declarações fora de contexto. E assim, o silêncio virou protagonista.

Outro passo atrás na história

Perceberam que o vereador Dudu não mais compareceu às solenidades do Executivo? Duas lembranças bastam: a inauguração da central de videomonitoramento e o posto social em Ribeirão do Salto. Ninguém do Executivo perguntou nada sobre tal ausência. Vida política que segue. Na casa do outro, valem as regras do outro. Tudo pode acontecer, inclusive nada: não franquear a palavra, cortar a palavra, microfone desregulado, vaias e truculências vindas da ala mais radical, diretas e indiretas vindas, ou não, do dono da casa. Na casa do outro, regras do outro. Às vezes, se ausentar é mais inteligente e estratégico.

Segundo round entre criatura e criador

É apenas o segundo round da luta entre criatura e criador. Outros virão em 2026, prometendo ser mais “sangrentos” e estratégicos. No centro da disputa, a presidência da Câmara e a eleição para deputado. O vereador buscará, ou não, a reeleição para o segundo biênio, enquanto o prefeito tentará emplacar um aliado leal e fiel ao seu projeto político. O tabuleiro já está montado: quem vencer a presidência da Câmara em 2026 terá a chave para promover ou evitar pautas-bomba, inclusive tentativas de novas CPIs e projetos populistas.

Entre a abertura e o encerramento

Entre a abertura dos trabalhos de agosto e o encerramento de dezembro, é melhor ficar com o encerramento. Agora, finalmente, sabe-se quem é quem no processo político e como pensa cada liderança no topo dos poderes. De um lado, o presidente da Câmara, mais personagem pessoal do que institucional. Do outro, o Executivo municipal, que agora prefere o silêncio à exposição. Se Dudu conquistar a presidência em 2026, ponto para ele e sangramento para o governo em 2027 e 2028. Se o prefeito emplacar um novo presidente, ponto para Gusmão e um futuro político difícil para Dudu.

Por fim...

Em Itarantim, a política converteu-se nos últimos dias em espetáculo regado a embates: ora tragédia, ora silêncio. Entre criatura e criador, o duelo prossegue, round após round. Enquanto os “gladiadores” políticos se enfrentam, quem assiste da arquibancada, ou da tela do celular, continua a torcer para que Dudu dos Tutas permaneça na oposição. Assim, o povo mais simples, além de conseguir discernir melhor sobre criatura e criador, politicamente falando, passa a compreender, ainda que de forma parcial, o funcionamento do submundo da política partidária e os labirintos do subconsciente daqueles que “ocupam” o topo do poder.


Comentários

  1. Muito bom o texto 2026 será uma briga poderosa pela presidência da camara

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