Itarantim
viveu, nos últimos dias, acontecimentos que despertaram diferentes sentimentos
no mundo educacional e nas redes sociais. Uma sequência de eventos, à primeira
vista distintos, mas que revelam uma conexão direta com o início de janeiro de
2025. Data que não apenas renovou mandatos, mas também redesenhou os contornos
do cenário que agora se revela.
Para
quem se dispõe a fazer uma análise de conjuntura, não é difícil perceber que os
acontecimentos recentes têm raízes naquele primeiro de janeiro. A posse do
prefeito reeleito para o segundo mandato, a eleição da presidência da Câmara de
Vereadores, a recondução de todos os secretários ao primeiro escalão e,
sobretudo, as mudanças ocorridas na educação formam um mosaico que exige
interpretação cuidadosa. São fatos que, quando examinados, revelam mais do que
simples papéis protocolares: apontam para aquilo que foi registrado como “dois
pesos e duas medidas” ou ainda “time que está ganhando não se mexe”.
A Educação no Olho do Furacão
Dentre
todos os movimentos dos últimos dias, a educação se destacou como o epicentro
das rupturas. E não por acaso. A pasta, por sua importância e impacto social, é
uma das mais influentes e politicamente estratégica em qualquer governo
reeleito. Quando há mudanças ali, não se trata apenas de uma troca de comando.
Trata-se de uma redefinição de rumos, de prioridades e, muitas vezes, de
correções. É uma tentativa de reorganizar não apenas o comando, mas também de tentar
restaurar a unidade interna.
O
que se viu foi o encerramento de um ciclo e o prenúncio de outro. Um capítulo
se fechou, não sem ruídos, e outro se anuncia. E é nesse ponto que a política
mostra sua face mais crua: o primeiro escalão de um governo, especialmente em
um contexto de sucessão, é um campo de batalha permanente, onde o sucesso e o
fracasso, a permanência e a queda caminham lado a lado, separados por uma linha
tênue e instável.
No
primeiro escalão, é preciso acolher tanto as críticas quanto os elogios. A
importância não está nelas, nem em quem as faz, mas em quem as recebe e tem a
capacidade de filtrá-las. Às vezes, determinadas críticas podem contribuir mais
do que elogios carregados de interesses e bajulações. Quem não está disposto a
ser criticado não deve entrar na vida pública, e, principalmente, não deve se
aproximar do primeiro escalão de um governo.
O Silêncio do Fogo Amigo
Quem
já ocupou, ocupa ou almeja ocupar um cargo de primeiro escalão precisa
compreender alguns princípios fundamentais. Ao ingressar nesse espaço, o indicado
ou indicada política, passará a conviver diuturnamente com dois tipos de
pressão: a que vem do “fogo inimigo” e a que vem do “fogo amigo”. Ambos têm
muito poder, mas atuam de formas distintas.
O
“fogo inimigo” é ruidoso, visível e, até certo ponto, “inofensivo”. Por si só,
não tem o poder de derrubar um secretário ou secretária. Já o “fogo amigo” é
silencioso, corrosivo e traiçoeiro. Age como cupim: quando se percebe o
estrago, a estrutura já está comprometida. Esse, sim, tem o poder de derrubar,
especialmente quando encontra terreno fértil na ausência de habilidade política
e de diálogo com aqueles que, silenciosamente, alimentam as chamas e têm em
suas mentes um vasto estoque de “gasolina”.
A
habilidade política, nesse cenário, é o que separa a permanência da queda no
primeiro escalão. Saber ouvir, recuar, dialogar e, sobretudo, compreender os
sinais do ambiente são habilidades tão importantes quanto a competência técnica.
Quando determinado secretário ou secretária, une, ainda que involuntariamente,
o fogo amigo ao inimigo, a saída do primeiro escalão se torna apenas uma
questão de tempo. É isso que ensina a famosa Lei de Murphy: “Se alguma coisa
pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e
de modo que cause o maior dano possível”.
Navegar entre Forças Divergentes
No primeiro escalão de um governo reeleito com quase 8 mil votos, o maior desafio não é apenas executar bem o papel assumido, é saber navegar entre forças divergentes e dialogar com “gregos e troianos”, sem jamais esquecer que ambos têm estratégias e “táticas de guerra” distintas. O cargo político exige mais do que competência: exige leitura constante de cenário e, acima de tudo, habilidade para reconhecer que todos são importantes no processo.
A educação vive um momento de transição. Que ele seja aproveitado como oportunidade para criar unidade na diversidade educacional, garantindo que ninguém seja excluído do processo. Afinal, tanto a educação quanto a política não suportam mudanças abruptas, como aquelas ocorridas no início de janeiro.
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