Geddel pode deixar Lula para buscar alternativa à sua candidatura.

Deputada estadual Virgínia Hagge, ex-prefeito Ricardo Souto e o ministro Geddel Vieira Lima
O ministro Geddel Vieira Lima que se mostrava como um fiel escudeiro da candidatura da ministra Dilma Rousseff no estado já não descarta uma composição para 2010 com a oposição, que tem o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na liderança das pesquisas para presidente. O titular da Integração Nacional diz que essa possibilidade existe, caso o presidente Lula e o PT nacional não queiram a manutenção do segundo palanque para a ministra na Bahia. “Vou lutar para que o PMDB baiano mantenha aliança com Lula, mas, se eles não quiserem, não vou descartar buscar apoio com qualquer partido que queira realizar o novo”, afirmou Geddel. O “novo”, segundo o ministro, é a sua própria candidatura, de que ele garante não abrir mão. “Só ingênuo acredita que nós vamos desistir da candidatura depois de deixar o governo estadual e com todos os cargos que ficaram para trás”, prosseguiu. O irmão do ministro e presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, é mais metafórico ao se referir à possibilidade de se unir com os rivais do passado. “Eu não fico onde tem festa a que não sou convidado. Se o PT local está querendo influenciar o nacional e minar a existência de dois palanques, eu tenho que seguir outro caminho”, afirmou Lúcio. A possibilidade de acordo com a oposição é apenas uma das direções que o ministro poderá seguir em 2010. Até uma recomposição com o governo é ventilada por alguns membros petistas, que veem na hipótese a garantia de uma candidatura mais competitiva para Wagner. Porém o deputado federal ACM Neto (DEM) classifica como praticamente impossível essa união. “Geddel não tem mais condição alguma de compor novamente com Wagner. Não existe mais confiança entre os dois. Hoje, existe uma linha de atrito maior entre PMDB e PT do que do PMDB com a oposição”, afirmou o deputado. A saída do PMDB, há pouco mais de um mês, do governo estadual foi marcada por agressões verbais e fortes críticas administrativas e pessoais. Paquera Quadros do PT baiano admitem que existe uma articulação interna da legenda para impedir a existência de um segundo palanque para Dilma, evitando assim o fortalecimento da candidatura de Geddel. “Internamente, o PT está trabalhando para garantir isso”, afirmou um petista que pediu reserva do nome. Diante dessa brecha, surgiu o flerte de Geddel com a oposição. Oficialmente, segundo uma fonte do PSDB, ainda não há nenhum encontro oficial como ministro, mas hoje a relação estabelecida entre ele e o grão-tucanato baiano (os deputados federais João Almeida e Jutahy Junior, além do presidente estadual do partido, Antonio Imbassahy) é cordial. “Existe uma perspectiva de o PMDB e a oposição ficarem juntos. O que Wagner mais quer é minar a candidatura de Geddel. Ele precisa matar a eleição no primeiro turno, porque, se Serra passar para o segundo, as chances dele diminuem”, afirmou um integrante da direção regional do PSDB. Do lado da oposição, ACM Neto diz que a candidatura de Paulo Souto(DEM) ao governo é “irreversível”, mas, caso o PMDB queira, poderia se abrir outra vaga na chapa majoritária. A aliança nacional com o PT também não é uma unanimidade entre os peemedebistas. O presidente do partido de São Paulo, Orestes Quércia, é um defensor do apoio do PMDB a José Serra. Briga não é exclusividade baiana O PT nacional e o presidente Lula terão muito trabalho para aparar as arestas das disputas estaduais com o PMDB. Para o PT, a Bahia e o Pará - onde o partido já governa - são considerados estados prioritários. Em outros, tenta negociar uma solução, sobretudo no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. A situação entre os aliados só é pacífica em cinco estados: Ceará, Goiás, Espírito Santo, Alagoas, Amazonas. No Rio, o PT nacional tenta, ainda sem sucesso, enquadrar Lindberg Farias, prefeito petista de Nova Iguaçu, para apoiar a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB). Em Minas, será difícil uma aliança, porque PT e PMDB teriam candidatos fortes. O ministro e senador Hélio Costa (PMDB) deseja concorrer. Pelo PT, são possíveis candidatos ao Palácio da Liberdade o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. A disputa gaúcha será entre o ministro da Justiça, o petista Tarso Genro, e os peemedebistas Germano Rigotto e José Fogaça. No Rio Grande do Norte, o presidente Lula deverá intervir para que o PT apoie o senador Garibaldi Alves ou o deputado federal Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara.

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