Em entrevista ao Jornal Bahia Hoje o vereador de Ilhéus, Alcides Kruschewsky, do PSB faz duras críticas ao PT e a algumas posturas do governo Jaques Wagner, questiona a isenção da FUNAI no projeto que pretende entregar território de Ilhéus, Una e Buerarema aos índios. Além disso, chama as obras do complexo Porto Sul de ‘virtuais’. O vereador Alcides Kruschewsky representa em Brasília os três municípios envolvidos no processo de demarcação de terras requeridas pela FUNAI. Segundo o projeto o órgão afirma que os tupinambás são donos de aproximadamente 50 mil hectares localizados entre os municípios de Ilhéus, Una, Buerarema e São José da Vitória. O processo está no âmbito administrativo, nas apreciações das contestações apresentadas pelos proprietários que produzem na área que a FUNAI pretende demarcar. “Esta é uma fase estranha, já que a própria FUNAI nomeia o grupo de estudos, aprova este estudo e analisa as contestações feitas por aqueles que se sentem prejudicados. Isso, em nossa opinião, infringe a constituição, quando cerceia o direito de defesa, uma vez que a FUNAI não tem isenção para fazer o julgamento adequado sobre as contestações”. No caso que este projeto seja aprovado trarão prejuízos aos municípios envolvidos: Primeiro, a redução dos postos de trabalho nos municípios, já que estas pessoas não residem apenas naquele local. Cada propriedade dessas representa tudo para essas pessoas: é a casa onde moram e o sustento. É a agricultura familiar que está em jogo, já que a maioria das propriedades é de agricultores familiares. Essas pessoas vão morar onde? Então vai haver um impacto social, aumento dos bolsões de pobreza nos centros urbanos, deslocamento de camadas sociais que lutaram muito para conquistar esses espaços. Por exemplo, são inúmeras as famílias negras que vivem e produzem nessa região para as quais tudo é mais difícil do que para outras raças, tanto que hoje vemos as políticas de reparação. Estas estão diretamente afetadas por essa política da FUNAI. E pode ter certeza de que a sugestão da FUNAI de que se tornarão clientes em potencial da reforma agrária, não é o que anseiam essas famílias, que querem ser proprietárias da terra que adquiriram. Ruptura do PT com o PMDB baiano Isso só evidencia a dificuldade que alguns partidos têm de conviver com o PT. Esta não é uma queixa apenas do PMDB: os partidos que continuam aliados ao governador Jaques Wagner também têm duras críticas sobre o modo como se dá essa relação interpartidária com o PT. Muitas vezes, mesmo se tratando de partidos aliados, o PT prejudica o desempenho de governos municipais, quando não estão perfeitamente alinhados com o que pensa o PT naquele município. Isso tem gerado alguns constrangimentos, relações conturbadas entre o governo e alguns setores da política baiana, como é o caso do PMDB. Acho que ainda vale à pena continuar tentando dar sustentação ao governador Jaques Wagner, mas é preciso que essas relações que prejudicam o entendimento interpartidário sejam corrigidas.
Em alguns locais, embora façamos parte da aliança que dá sustentação ao governador Jaques Wagner, a nível municipal o PT é adversário desses partidos, como no caso do PSB em Ilhéus. O partido é aliado do PT em nível de Bahia, mas na questão local é seu principal adversário. Desta forma nós temos uma relação desconfortável com o partido, e essa relação prejudica também o entendimento com o governo estadual. Nós, até o momento, por exemplo, entendemos que embora haja boa vontade do governador Jaques Wagner com Ilhéus, alguns pleitos do município junto ao governo do estado não vem sendo atendidos e em nossa opinião é porque setores do PT impedem que esse processo chegue ao fim. Há muito tempo, por exemplo, o governador se comprometeu com o prefeito Newton Lima a respeito de 25 mil m² de pavimentação para o município. Isso já está fazendo dois anos e não temos uma pedra assentada, um metro de asfalto pavimentando as ruas em parceria com o governo do estado, embora o compromisso tenha sido feito. O governo do prefeito Newton Lima, enfrenta dificuldades. Ele fez um ótimo governo de transição que chamou a atenção da sociedade pela capacidade de trabalhar, de através de pequenas obras reorganizar a cidade. No entanto veio uma crise que se abateu sobre todo o planeta, e que atingiu duramente o Brasil, e o reflexo desta crise, para corrigi-la, foi necessário a redução de impostos, que tiveram suas receitas atingidas. Inegavelmente, quem trabalha com 100%, de repente vê isso reduzido para 70%, não vai conseguir fazer as mesmas coisas, manter a mesma rotina, o mesmo desempenho que vinha atingindo antes. Na medida em que essas receitas forem sendo recuperadas, acredito que o desempenho do governo Newton Lima vai voltar ao normal e a ter aprovação popular. Crise financeira Eu acho que sempre estaremos falando em crise. Mas, quando a gente tem essas dificuldades, temos que usar criatividade. Desse modo, acho que falta criatividade para superarmos com inventividade esses momentos de crise. A gente termina uma crise e outra se inicia. Nós estamos sempre envolvidos com essas dificuldades econômicas. O município, assim como a região precisa de vetores de desenvolvimento. Isso tem atrapalhado a região como um todo. Nosso principal empregador era a lavoura cacaueira. Não podemos mais contar com isso, nem encontramos mais alternativa que fosse suficiente para recompor esses postos de trabalho que tínhamos na Zona Rural. Então, enquanto nós não superarmos o declínio da nossa economia e voltarmos a um nível satisfatório como já tivemos no passado, nós estaremos sempre falando em crise. Então, isso só vai ser conseguido com muito esforço e, sobretudo, investimento. E para isso vai ser fundamental uma presença maior, através de investimentos, do governo federal e do governo estadual na nossa região. Não estamos falando da presença do governador fazendo visitas a região, estamos falando de iniciativas concretas. Não adianta a gente falar virtualmente em Porto Sul, em novo aeroporto internacional de Ilhéus, em ferrovia leste-oeste se de fato esses investimentos ainda nem tiveram o seu início. Por enquanto são projetos virtuais. O vereador Alcides Kruschewsky Um vereador empenhado, envolvido nas questões que afetam o município. Hoje a nossa principal preocupação é essa pretensão de demarcação de terras indígenas que atinge, sobre tudo o município de ilhéus. Nós estamos denunciando que se trata de uma montagem a respeito de uma etnia que nunca viveu nessa região. Não tem nenhum dado histórico confiável que sustente essa tese da FUNAI e isso poderá fazer com que o município tenha sua área reduzida em aproximadamente 25%. Por tanto, é algo muito significativo e que vai, sem dúvida, ter um desdobramento desfavorável. Então quando eu vejo essas coisas acontecendo eu não consigo atuar no sentido de defender o que eu entendo que seja o melhor para o município. Desta forma eu vou continuar sempre atuando. E o que menos vai me preocupar durante esse mandato meu é o fato de que alguns posicionamentos meus venham a gerar algumas insatisfações. Então eu não vou me trabalhar com a preocupação eleitoral. Eu vou tentar corresponder aquilo que a minha consciência me manda fazer. Eu acho que é isso que vai fazer com que a gente consiga a aprovação da sociedade sobre o nosso mandato.
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