A um ano da disputa pelo governo da Bahia, a oposição aproveita a onda de atentados criminosos em Salvador para tentar desestabilizar a pré-candidatura à reeleição do governador Jaques Wagner (PT), fragilizado politicamente pela recente saída do PMDB da base aliada e pela dificuldade em reduzir os índices de desemprego e de infectados pela dengue.
Quarto colégio eleitoral do país (com 9,2 milhões de eleitores, ou 7% do total), a Bahia é considerada pelo presidente Lula peça-chave na costura da aliança nacional entre o PT e PMDB. É o Estado mais populoso governado por petistas.
Criticada em propagandas políticas e discursos da oposição, a gestão da segurança pública será o alvo prioritário dos principais pré-candidatos de oposição a Jaques Wagner: o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o antigo aliado Geddel Vieira Lima (PMDB), ministro da Integração Nacional.
"Esse nível de violência, nunca antes visto na história da Bahia, com certeza será tema central nos debates do ano que vem", afirma Leur Lomanto Júnior, líder do PMDB na Assembleia Legislativa baiana.
O deputado Paulo Rangel, líder do PT na Assembleia, rebate as críticas da oposição e afirma que o problema da violência não atinge apenas a Bahia.
"O governo Wagner aumentou o orçamento da área, nomeou 40 delegados que tinham sido aprovados em 2000 e comprou 3.600 coletes à prova de bala", disse, citando também o índice de homicídios do primeiro semestre deste ano no Estado, menor que o registrado no mesmo período de 2008.
Nos últimos três anos, Wagner aumentou o orçamento de diversas pastas, mas isso não impediu dificuldades em áreas duramente criticadas pelo PT na campanha de 2006 --quando derrotou o grupo político que governou o Estado por 16 anos, que era liderado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (DEM), morto em 2007.
Na região metropolitana de Salvador, o número de assassinatos cresceu 31% (de 759 no primeiro semestre de 2007 para 997 no mesmo período deste ano), a dengue bateu recorde (matou 62 pessoas em 2009) e o desemprego atingiu 11,4% da população neste mês.
Como forma de reduzir esses números, o governo contratou 3.200 policiais militares e inaugurou mais de 250 postos de saúde e 1.100 leitos em hospitais estaduais. Foi registrado também neste ano um aumento de 88%, em relação a 2008, no número de indústrias que serão instaladas na Bahia, com investimentos de R$ 1,6 bilhão.
A disputa entre o ministro e Wagner preocupa o presidente Lula, que quer garantir um vice do PMDB na pré-candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência. Ele quer também evitar a criação no Estado de um palanque alternativo para o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Com 115 das 417 prefeituras da Bahia (Salvador inclusive) e oito deputados (de um total de 63), o PMDB investe pesado para consolidar Geddel como segundo palanque para Dilma no Estado e conquistar partidos indecisos para 2010.
O PT tem 68 prefeituras no Estado e dez deputados estaduais. Apesar da saída do PMDB, Wagner conseguiu manter a maioria na Assembleia, mas precisou criar duas pastas e ceder outras duas a novos aliados (PDT e PP). Também precisou se aproximar de antigos aliados de ACM, como o ex-vice-governador Otto Alencar, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios.
Principal adversário do PT, Paulo Souto (DEM) fechou aliança com o PSDB e tenta se aproximar do senador César Borges (PR), ex-aliado de ACM que faz parte da base de Lula e também negocia com Geddel.
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