Surge a dúvida: rastreador ou seguro? 



Roberta Cerqueira

Contratar um seguro ou instalar um rastreador? Com a frequência cada vez maior de roubo de carros, esta tem sido uma dúvida recorrente. Ano passado os seguros ficaram até 30% mais caros e este ano já subiram cerca de 6%.
A maioria das seguradoras não aceita veículos antigos e motocicletas de baixa cilindrada – quando aceitam, os valores são inviáveis – o que tem levado muita gente a optar por sistemas de rastreamento, mais baratos e sem análise de perfil. Mas, é bom estar atento às vantagens e desvantagens de cada um  na hora de contratar o serviço.

O sistema de rastreamento pode ser via satélite, através de GPS (Sistema de Posicionamento Global) ou por radiofrequência. No primeiro caso é possível localizar o veículo dentro do território nacional. Já no segundo, o carro só pode ser encontrado em um raio de até 100 quilômetros.
Especializada no seguimento, há cerca de 10 anos, a Segsat cobra R$ 50 pela instalação do equipamento de radiofrequência e mais 12 parcelas de R$ 29, pelo monitoramento. No caso do GPS a taxa sobe para R$ 100 e as parcelas para R$ 75. “O seguro ficou muito caro, por isso preferi instalar um rastreador e economizar R$ 1 mil”, conta o advogado Mercias Xavier dos Santos, 37 anos, dono de um Celta, 1.0.

No monitoramento por radiofrequência é possível identificar quando o carro não está sendo guiado pelo dono e desligá-lo em três minutos.  O bloqueio só pode ser acionado após contato com a empresa, por telefone e o procedimento leva, em média, 20 minutos.

Nas páginas dos jornais e na internet sobram anúncios de empresas especializadas no seguimento. No site da Car Sytem informações dão conta de que o rastreador possui dois botões de pânico automáticos (bateria e antifurto) e até cinco botões manuais (condutor e outros) para informações de ocorrências com ameaça externa (por exemplo, sequestro). Na tentativa de furto, o veículo não liga o motor e emite uma gravação sonora: “Este veículo está sendo roubado e está monitorado pela Car System”.
A orientação é: “Em caso de assalto, o cliente deve deixar o bandido levar o veículo e imediatamente liga para nossa Central de Segurança 24 horas; relatando o roubo, nossa atendente envia por satélite o sinal de bloqueio e aciona nossa Central de Apoio Tático para o resgate”.
Propagandas a parte é bom lembrar que as empresas de rastreamento não dão cobertura total aos clientes, elas utilizam o equipamento para localizar o veículo, mas, não ressarciam possíveis danos aos veículos ou a terceiros, assim como reboque e outros benefícios oferecidos pelas seguradoras convencionais.
De acordo com a corretora de seguros, Virgínia Villela, no início de janeiro, as seguradoras reajustaram em até 6% o valor dos seguros. “O motivo deste aumento é o grande número de assaltos e a baixa incidência de recuperação dos veículos”, diz, ressaltando que, em Salvador, as seguradoras têm uma das menores taxas de recuperação.
“Os valores são revisados nos meses de janeiro e julho, quando as seguradoras analisam as suas despesas (sinistros e número de roubo) e abaixam ou aumentam os valores, em Salvador a ocorrência de assaltos vem forçando pra cima estes valores, todos os anos”, explica.

Valor varia pelos modelos

O seguro de um veículo 1.0 custa, em média, R$ 2 mil, mas o valor pode variar de acordo com a idade, endereço, tempo de carteira, estado civil, sexo e uma lista com mais de 30 variáveis, do segurado. “Pessoas casadas pagam mais barato que os solteiros, por exemplo, pois as seguradoras entendem que casados oferecem menor risco de se envolver em acidentes”, ressalta.
Algumas empresas só aceitam assegurar veículos com até 10 anos de fabricação, outras aceitam o contrato mediante análise do veículo e chegam a cobrar valores exorbitantes na apólice. Proprietário de uma Mercedes de 1996, o publicitário Alex Carvalho, 45 anos, levou um susto ao fazer a simulação em uma corretora. “Me cobraram R$ 7 mil para fazer o seguro”, contou.
No caso de carros antigos e fora de linha, o prêmio cobrado do segurado pode chegar à metade do valor do veículo, em razão da dificuldade de encontrar peças de reposição em caso de acidente e os custos serem elevados.
As motocicletas apresentam o maior número de ocorrências, por isso não são aceitas por muitas seguradoras, principalmente aquelas de baixa cilindrada (de 125 a 150 cilindradas) utilizadas por motoboys e mototaxistas. O seguro de uma 400 varia entre R$ 2 e 2,5 mil, já o seguro de uma moto de 1 mil cilindradas pode ficar por até R$ 6 mil”, diz Villela.

DICAS

Abuse do seu corretor
A regra é clara: toda venda de seguros tem de ser intermediada por um corretor. Mesmo quem faz um seguro na agência do banco onde tem conta também acaba deixando algum dinheiro na corretora de seguros do próprio banco. Já que o corretor é uma figura indispensável, o melhor é transformá-lo em um aliado na hora de decidir. Tente negociar com o corretor: aumente o valor da franquia (ou seja, da sua parcela de culpa em caso de acidente) e reduza o valor que você vai pagar pelo seguro.
Cuidado com seguros de banco
Há alguns anos, comprar seguros em um banco era garantia de pagar caro e ter um produto ruim. As seguradoras ligadas aos bancos tinham nos correntistas uma clientela cativa, e por isso não precisavam se esforçar muito. Hoje isso mudou. Alguns bancos não possuem seguradoras próprias e redistribuem produtos de diversas companhias, o que eleva as probabilidades de o segurado fazer um negócio melhor. Mesmo assim, as comodidades oferecidas pelos bancos, como débito em conta, por exemplo, podem esconder preços altos e apólices ruins, que oferecem poucas oficinas.
Facilidade é ótimo, mas pode custar caro
Companhias de seguros são especialistas em calcular riscos e transformar essas probabilidades em preço. O mesmo vale para os serviços oferecidos. A tendência mais recente é ampliar o seguro automotivo além dos limites do veículo e oferecer mimos como conserto de eletrodomésticos, serviços de eletricista, encanador e chaveiro, desconto em estacionamentos e despachante gratuito. Tudo é muito bom, mas tem seu preço, e é preciso cuidado na hora de escolher.
INSTALE UM RASTREADOR
Uma das poucas maneiras de baixar seu risco é instalar um rastreador. Algumas seguradoras oferecem o equipamento gratuitamente e por isso, oferecem descontos no valor do seguro. Como o rastreador torna mais difícil que os veículos roubados desapareçam, o risco da seguradora diminui e o preço baixa. Se a seguradora não oferecer o rastreador é possível instalá-lo por conta própria e ser compensado pela redução do valor do seguro. 
 

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