Aliados temem que aumento da hostilidade entre Otto e Leão prejudique João Henrique

Max Haack
Otto Alencar
O clima hostil entre o novo chefe da Casa Civil do governo João Henrique (PP), João Leão, e o vice-governador do Estado, Otto Alencar (PP), revelado por farpas trocadas na imprensa desde ontem entre eles, tem deixado políticos próximos ao prefeito preocupados. Eles temem que, além de enfrentar a ira de parte do PT, o prefeito ganhe um novo adversário no âmbito do governo estadual.
Leão e Otto se desentendem desde que o vice acabou abocanhando a secretaria estadual de Infraestrutura, em substituição a um indicado do novo chefe da Casa Civil da Prefeitura na reforma administrativa do governo Jaques Wagner (PT). Irritado com a pressão que enfrentou de Leão e seu parceiro no comando do partido, o ministro Mário Negromonte (Cidades), o vice prometeu deixar o PP de qualquer jeito.
Neste meio tempo, Otto tratou de se articular para fundar um novo partido na Bahia, aproveitando o movimento de lideranças como Gilberto Kassab (DEM), prefeito de São Paulo, e Afif Domingos, vice-governador paulista, que planejam a criação da nova legenda. Ironizado em sua estratégia por Leão, o vice-governador mirou hoje na Prefeitura. “A missão dele é mais difícil do que a minha”, foi a resposta que deu sobre o novo papel que Leão terá no governo municipal.
“O prefeito já foi alertado de que é melhor colocar água nesta fervura antes que todo mundo se queime”, disse hoje ao Política Livre um político ligado a João Henrique sobre a polêmica entre os dois líderes progressistas. Uma explicação para a irritação de Otto seria o fato de não ter conseguido levar o prefeito para o PDT, onde estão a maior parte de seus aliados, os quais devem segui-lo do PP para o o PDB (Partido da Democracia Brasileira), que planeja ajudar a criar.
A decisão do conselheiro Plínio Carneiro, do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), de manter ontem posição pela rejeição das contas de João Henrique ao avaliar um pedido de reconsideração do voto por parte da Prefeitura, também foi interpretada como um sinal do humor do vice com relação ao prefeito de Salvador. Otto foi o responsável pela indicação de Plínio, que ocupa a vaga que deixou no TCM para canditar-se a vice-governador.

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