EXCLUSIVO: Dando gás ao PSD, Jaques Wagner esvazia principalmente o PP

Agecom
Jaques Wagner muda relação com PP
O PP, comandado na Bahia pelo ministro Mário Negromonte (Cidades) e João Leão, deputado federal que tomou posse hoje na chefia da Casa Civil do governo João Henrique, está atentíssimo aos festejos em torno da criação do PSD, que será controlado no Estado pelo vice-governador Otto Alencar (PP) sob os auspícios do governador Jaques Wagner (PT).
Embora sem querer passar recibo, os comandantes do PP captaram rapidamente a mensagem de que, dando gás ao PSD, o governador busca dar um freio de arrumação nas forças que o apóiam, evitando que umas se sobressaim em relação às outras, em especial que o PP continue reinando como segundo partido mais importante da base governista.
Na visão de parlamentares do PP, a preocupação do governador continuaria sendo a eleição de 2012, em Salvador, na qual pretende eleger um petista,  e a de 2014, quando gostaria de escolher o candidato para sucedê-lo sem maiores contratempos ou estresse com os partidos da base.
Um PP menos forte, assim como um PSD sob seu controle, seriam o cenário ideal para Wagner nos dois momentos. E é isso que ele busca, na visão dos progressistas. O primeiro “chega-pra-lá” dado pelo governador no partido de Negromonte e Leão foi a entrega de uma secretaria que estava em suas mãos, a da Infraestrutura, exatamente a Otto Alencar, hoje seu titular.
Sem dar pelota para os dois, Wagner trocou o comando da pasta num atropelo só. A operação teve o agravante de indispor de vez os representantes do PP com Otto, que passou a procurar um novo pouso partidário - até tomar conhecimento dos planos de criação do PSD. Com a saída, o vice provocará o primeiro desfalque sério no partido de Negromonte e Leão.
Mas a dupla ainda conseguiria surpreender Wagner ao armar a filiação ao PP do prefeito João Henrique, então no PMDB, criando, assim, musculatura para influir na sucessão de 2012 na capital baiana.
O comentário de que fora surpreendido teria sido feito pelo próprio mandatário estadual, que, nos bastidores, manobrara para filiar João Henrique, primeiro, ao PV e depois ao PDT, sem sucesso. “O sentimento hoje no PP passa por um pressuposto – o de que Wagner não confia no partido e quer esvaziá-lo”, diz uma fonte da legenda ao Política Livre.

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