Tudo o que o governador Jaques Wagner não desejava e repelia era a intromissão em seus planos e em seu trabalho ao estabelecer uma base política consistente com um quadro como Otto Alencar, vice-governador e secretário. Não competiria ao presidente regional do PT baiano tentar desarrumar o que o governador arrumou. Criador inveterado de problemas, Jonas Paulo tanto fez que investiu contra Alencar, em razão de ele ter integrado o grupo carlista, o que jamais negou. O presidente do PT está, com seu comportamento, criando uma cisão na base do governo e plantando desarmonia que pode ter consequências nas eleições, principalmente governamentais. As estocadas de Jonas tiveram respostas imediatas de Alencar, que jamais se declarou candidato a governador e, diante dos acontecimentos, pode abrir uma diáspora e, como disse, pode não ser candidato a nada nas próximas eleições. É certo que Wagner não nutre simpatias pelo presidente do PT baiano e não lhe dá espaços para se envolver em questão que só a ele compete, como a formação de grupos políticos de apoio. A intromissão do Jonas Paulo, ou Paulo Jonas, tanto faz, tem origem nas declarações, em entrevista, do prefeito ACM Neto ao BN, ao dizer que ficará na prefeitura até o final do seu mandato e que, para se decidir sobre quem irá apoiar, “conversará com todos os candidatos”, inclusive com Dilma Rousseff. Se irá conversar é óbvio, está explicita, a possibilidade de apoiar qualquer um deles. O presidente do PT baiano, no entanto, investiu também contra Neto, com quem o governador tem bom relacionamento, como convém em uma relação política civilizada. De volta ao passado, Jonas falou em ditadura do carlismo. Acontece, que, se assim foi – e eu sei que foi, porque com o senador eu tive um forte litígio, como se sabe – mas os tempos são outros. As nuvens passam, menos para ele, Jonas. Otto Alencar ao reagir, o fez retroceder, mas é fato que o estremecimento estabeleceu uma verdade própria dos petistas: eles pensam somente neles e pouca importância dão aos aliados do governador, desconhecendo que Wagner não se elegeu sozinho e não elegerá sucessor, se isso acontecer, se ficar isolado por obra e graça do presidente da sua legenda e dos petistas tontos. A eleição do próximo ano provavelmente não será fácil, nem aqui nem no plano nacional. Nas suas andanças e elucubrações trotas, ao investir contra Alencar, Jonas acabou metendo a mão, ou o corpo inteiro, em um vespeiro. Alegrou as oposições baianas.
Por Samuel Celestino
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