COLUNA DO BLOG DE ILHÉUS "O PROFETA DA POLÍTICA"

Panis et circenses
(N.E: Traduzindo do latim para o português, significa: PÃO E CIRCO)
POR: *Pedro de Santa Inês Filho - Itarantiense, pastor na Assembleia de Deus em Jeremoabo-BA, foi presidente do Conselho Político das Assembleias de Deus na Bahia, foi secretário de Finanças da Prefeitura de Taperoá, é militante político desde a infância em 1982, escreve semanalmente às terças para o site


Pedro de Santa Inês Filho

Então vai...

Certamente todos os leitores já assistiram filmes épicos com história dos gladiadores. Acontecimento comum na época da adoção da “panis et circenses” do império romano. A política do Pão e circo consistia em distribuição de pão para as plebes famintas e espetáculos públicos para entretenimento da população, com único objetivo de desviar a atenção para a política.
O Brasil já adotou esta prática. Durante o regime militar o engodo para os desavisados era o futebol, com o lema “a pátria de chuteiras”, mas a política do pão e circo na época só tinha o circo, faltava o pão.
Falta o pão também hoje na política do pão e circo adotada por muitos gestores irresponsavelmente oferece festejos juninos milionários para desviar a realidade de seus concidadãos. Mas ainda falta o pão.
Não é só o pão que está ausente. A educação de qualidade, a saúde, ao menos funcional. Estradas transitáveis. Salários dignos aos profissionais. Na realidade os comissionados tem salários dignos... dignos de marajás. 
A cidade de Uauá, no semi-árido baiano, por exemplo, onde a região vive a pior estiagem dos últimos 60 anos. Resolveu fazer 10 dias de festejos. Daí o Ministério Público, fiscal dos interesses do povo, ajuizou Ação Civil Pública contra o mandatário. Em outras palavras foi um puxão de orelha e um “toma vergonha na cara e vai trabalhar pelo povo” muito bem empregado. Olha que lá a prefeitura recebe mensalmente do Governo Federal, menos de 1.500.000,00 para manter todas as atividades essenciais de um município. 
Sem falar dos valores altíssimos que as atrações cobram:

Isso é o valor que o artista ou banda recebe. Não é o valor que a prefeitura paga. Esse é bem diferente. Pode até multiplicar por mais de dois, porque daí entra lucro, auxílio aos amigos, hospedagem, bebida, etc. Mas tem mais. Ainda tem fortunas com locação de palcos, sonorização, iluminação profissional do mais alto nível, dignas de festivais particulares milionários. Estes valores são impraticáveis diante do caos que a maioria dos municípios vivenciam. Antes de se aventurar por estes mares tenebrosos da malversação do erário público, o gestor deveria questionar como anda a educação em seu município; como está o grau de satisfação dos professores com os seus vencimentos; como é o atendimento nas unidades de saúde; as estradas estão transitáveis? A merenda escolar é de qualidade?
Só em 3 dias de festejos na cidade de Glória (sertão, semi-árido, estiagem, miséria, tudo junto) a prefeitura vai gastar R$ 82.000,00 apenas com 3 atrações. Mas não pesquisamos palco, som, fogos de artifício, iluminação e claro, o restante da festa, afinal lá é trezena de Santo Antonio, ou seja, são 13 dias de festa, só citamos os 3 dias. A prefeita de lá, dona Vilma Negromonte (vocês conhecem o sobrenome), esposa do Deputado Federal e ex-ministro Mário Negromonte. Lá arrecada mensalmente cerca de R$ 1.700.000,00 do governo federal.Porque não realizar festejos juninos populares com atrações culturais locais? Porque não explorar mais as quadrilhas juninas ao invés de se associar a quadrilhas de empresários que querem dilapidar os recursos da sua cidade. Dá pra fazer festas simples e que agradem ao público sem precisar quebrar o município.Infelizmente esta prática não é só nas pequenas cidades não. Nas cidades maiores também existem excesso. Se bem que aí a nata das festas é feita por particulares mas há também exagero do governo municipal na contratação de bandas milionárias.Enquanto isso o povo se embriaga, sem pão, sem saúde, sem educação, sem estradas, sem emprego, sem fonte de renda, sem respeito e sem vergonha (porque vota igual na eleição seguinte).

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