BANCO DO BRASIL: Polícia investiga desfalque de R$ 370 mil em agência antes de gerente do banco desaparecer


Claudio: gerente do banco foi visto pela última vez na sexta
Claudio: gerente do banco foi visto pela última vez na sexta Foto: Terceiro / Agência O Globo

Giampaolo Braga e Luã Marinatto


O caso do sumiço do bancário Claudio Martins da Cunha, de 46 anos, desaparecido há uma semana, sofreu uma guinada nas últimas 48 horas. Não só ele sumiu: cerca de R$ 370 mil evaporaram dos cofres da agência do Banco do Brasil na Praça Mauá, no Centro, onde Claudio era tesoureiro. Uma das hipóteses investigadas pela polícia é que o desfalque teria sido dado pelo próprio funcionário, ao longo de cerca de dois meses.
Na última terça-feira, a mulher de Claudio, Ilza Ojeda, de 45 anos, prestou depoimento na 29ª DP (Madureira), então responsável por apurar o que havia acontecido ao gerente. Ela mostrou aos policiais uma longa mensagem de celular enviada pelo aparelho do marido no último domingo, dois dias depois de sumir. No SMS, ele se despede da mulher e da filha, pede que Ilza dê um beijo na mãe de Cláudio e afirma: “O que eu fiz não tem volta”.
Claudio era dado como desaparecido após sair sozinho de casa na sexta-feira, por volta das 7h30m. Ele foi visto pela última vez ainda na sexta, por volta das 9h30m, no posto do Detran de Irajá, onde pegou o documento de compra e venda do seu Renault Megane Grand Tour. Pouco depois, uma antena de telefonia registra sua passagem em Ramos. Após isso, o aparelho é desligado. Não há registro da saída de Claudio do país. Nem passaporte o bancário tem.
O desfalque teria sido dado por Claudio usando seu acesso ao sistema contábil da agência. É preciso haver sempre equivalência entre o valor registrado nos computadores e o que existe no cofre. Claudio teria feito depósitos-fantasma em duas contas, uma dele e outra de uma mulher: registrava o valor no sistema, mas não depositava as cédulas. Aí, fazia saques nas mesmas contas. Desta vez, porém, a retirada era física, em dinheiro vivo.
Uma auditoria foi realizada pelo banco em outubro na agência. Havia outra marcada para novembro, mas não aconteceu. Claudio tinha acesso ao calendário de auditorias. Além disso, as câmeras da agência estavam quebradas. Mais uma vez, o gerente sabia disso, já que era quem autorizava a manutenção.
Na casa onde Claudio mora com a mãe, de 82 anos, a filha, de 15, e a mulher, em Madureira, parentes refutavam a hipótese de que ele tenha efetuado o roubo e fugido. Para a família, uma hipótese é que outra pessoa tenha enviado o SMS à Ilza pelo celular do bancário.
— Ele não faria isso nem se fosse por R$ 20 milhões — disse um sobrinho.
Com a descoberta do desfalque, a investigação passou para a Divisão Antissequestro (DAS). A DAS não quis se pronunciar sobre o caso.



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