ELEIÇÕES NA BAHIA 2014 - Coluna A Tarde: Geddel medita, Neto espera

Coluna A Tarde: Geddel medita, Neto espera
De certo modo, ou de modo inteiro, recaiu sobre o prefeito ACM Neto uma das tarefas mais difíceis para a união da oposição baiana: escolher entre Paulo Souto e Geddel Vieira Lima, líderes das pesquisas até aqui conhecidas, quem será o candidato. Como liderança nascente na política estadual, com um longo caminho ainda a percorrer, não poderia recusar a causa, porque era o único que estava em condições de coordenar. Mais do que isso. A sua tarefa não era simplesmente escolher entre dois nomes, mas sim entre duas soluções – as que existem – para a oposição baiana. A recusa seria, então, inaceitável.
 
Não esperava, no entanto, que a missão fosse tão complicada embora as idas e vindas na política sejam normais, especialmente quando a equação envolve critérios como foram surgindo na postulação de Souto e de Geddel. De início, o ex-governador ficou indeciso, e sua cabeça girou entre concorrer ou não concorrer. Observando a indecisão visível, Geddel, cuja habilidade é incontestável, colocou para Souto um novo problema: “Se você disser que será candidato a governador neste momento, lhe direi que abro mão e serei candidato a senador”. Diante da sinuca, Souto silenciou e manteve-se internamente como seu dilema que, pouco a pouco se desanuviou, principalmente com os pedidos de figuras do DEM e clara preferência do terceiro partido, o PSDB.  
 
No vai não vai o ex-governador se definiu por “eu vou” e aí todos olharam na direção de ACM Neto. O que fazer? O prefeito só tinha uma saída: conversar, conversar e conversar com ambos. Por mais que se reunisse com os dois, a solução não se apresentava. A dupla já estava decidida a concorrer. As pressões se avolumaram. Se os dois não se decidiam, cabia a ele fazê-lo e não poderia ser por critério subjetivo. Geddel a ele dissera que seu momento passara e não aceitava mais ser candidato a senador. Somou-se a esta divisão um motivo, no seu caso subjetivo. Geddel não gosta de Brasília, fez toda a sua trajetória política por lá e ainda tem uma razão maior para ficar nestas bandas. É muito apegado à família, especialmente ao pai, de quem cuida com extremo carinho, Afrisio Vieira Lima. Quando se trata do pai, Geddel se emociona fácil e chora por qualquer motivo. Como chorou no aniversário de 15 anos de sua filha, quando Afrisio lhe dissera que não se sentia em condições de dançar a valsa com a neta. Chorou copiosamente.
 
Esta demora na escolha do candidato da oposição ao governo não se constitui num problema, pelo contrário, pode ser uma vantagem. Isso porque o governador Jaques Wagner decidiu lançar Rui Costa no final de outubro do ano que passou, enquanto Lídice se decidiu um pouco antes, lançado a sua pré-candidatura. A partir daí as atenções se voltaram para a oposição, que ganhou notícias diárias na mídia enquanto todos passaram a especular quem seria dos dois o candidato. Na capital e no interior, o que pode ser um ganho eleitoral.
 
Neto se decidiu por Paulo Souto, mas Geddel continua entrincheirado. Sabe ele que dificilmente o quadro pró-Souto mudará. Neto está tentando convencê-lo por ser um quadro importantíssimo no xadrez político-eleitoral. Geddel tem recebido muitas visitas, e parece estar meditado sobre a situação. Pensou em lançar sua candidatura representando o PMDB de forma independente, mas sabe que talvez não seja por aí. Esta é a razão de o prefeito elastecer seu tempo até meados, mais para o início, desta semana que entra. O presidente do PMDB tem contas a acertar nas eleições de outubro. Quer impor uma derrota ao governador Jaques Wagner. Entre os dois há um acerto político marcado. Uma pendência.
 
De outra forma, ainda há o problema nacional da candidatura de Dilma à reeleição. A oposição baiana, inclusive o PMDB, apoiará Aécio Neves e, no segundo turno – se houver – quem ficar para a disputa final,  seja Aécio ou Eduardo Campos. O problema aí está no PT e na necessidade, que será uma marca da campanha presidencial, de uma mudança, de uma renovação, para que haja alternância no poder. Entendem que há um cansaço, que parece enfraquecer Dilma. A oposição não quer um governo petista de 16 anos.

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