por Luiz Fernando Teixeira do Bahia Notícias
A divulgação dos documentos de Benedicto Barbosa Silva
Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, foi vista com ressalvas
dentro do meio político (
clique aqui e leia).
Isso porque mais de 200 políticos e 20 partidos foram citados
nominalmente em planilhas e anotações, mas não há provas de que o
repasse de verbas que constam nos documentos estão ligados a esquemas de
corrupção. De fato, quase todos os que foram identificados inicialmente
alegaram que as doações foram feitas de forma legalizada e declaradas
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – e os baianos citados não foram
diferentes. Do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, e do atual
prefeito de Salvador, ACM Neto, até candidatos a vereador como Pinheiro
do Sindicato e outros que perderam força política, como João Almeida, 37
políticos de sete partidos do estado aparecem na relação. O número
inicial de 39, que foi divulgado por alguns veículos da imprensa, não
procede pois Marcio Biolchi e Mauro Poeta são listados erroneamente como
sendo de Salvador, mas na verdade são do Rio Grande do Sul.
Os dados mais explícitos dão conta de um suposto repasse de
verbas do grupo Odebrecht, através de empresas como a Braskem, para as
campanhas de Jaques Wagner (PT), o "Passivo" (R$ 3 milhões, com R$ 2,4
milhões pagos) e Paulo Souto (DEM) (R$ 1 milhão) ao governo do estado em
2010. Além disso, um e-mail explica que os prefeituráveis de 2012 ACM
Neto (DEM), Nelson Pellegrino (PT) e Mário Kértesz (PMDB), o "Roberval",
deveriam ter recebido um “bônus” de R$ 400 mil, R$ 200 mil e R$ 250
mil, respectivamente, através de André Vital, diretor-superintendente da
Odebrecht Infraestrutura. Além disso, o e-mail também inclui o nome de
Carlos Martins (PT), que à época era candidato à prefeitura de Candeias e
teria recebido bônus de R$ 100 mil.
Uma consulta ao sistema de prestação de contas do TSE mostra que
a campanha de Wagner em 2010 foi orçada em R$ 26,2 milhões, mas não há
referências ao aporte de fundos do grupo Odebrecht, que pode ter
acontecido através do repasse dos diretórios nacionais e estaduais do PT
– na época, não era obrigatório que os diretórios divulgassem o doador
original do dinheiro. A mesma situação se aplica a Souto, que teve
campanha orçada em R$ 9,5 milhões, e aos prefeituráveis de 2012 Neto
(campanha no valor de R$ 21,9 milhões), Pelegrino (R$ 15,5 milhões),
Kértesz (R$ 3,3 milhões) e Martins (R$ 1,2 milhões).
Os documentos listam 12 candidatos a vereador com supostos
repasses na campanha de 2012, sendo 11 de Salvador e um de Camaçari,
Luis Tavares, que não se elegeu. Na capital, não lograram êxito Dr.
Giovani (R$ 30 mil), Pedro Godinho (R$ 100 mil) e Pinheiro do Sindicato
(R$ 10 mil). Já o então petista Carballal (citado como “Humberto”) (R$
150 mil), ainda no PTB Edvaldo Brito (o "Candomblé") (R$ 150 mil),
Geraldo Junior (R$ 80 mil), pelo PTN, Leo Prates (R$ 30 mil), pelo DEM,
Lessa (R$ 20 mil), do PT, Paulo Câmara (R$ 50 mil), do PSDB, os petistas
Vânia Galvão (R$ 20 mil) e Waldir Pires (R$ 100 mil) ocupam cadeiras na
Câmara Municipal de Salvador. Mais uma vez, as doações registradas e
aprovadas não batem com os dados das planilhas apreendidas.
No interior do estado, aparecem políticos de Camaçari, Candeias,
Dias D’Ávila, Juazeiro, Madre de Deus e Simões Filho. Os candidatos à
prefeitura dos municípios da Região Metropolitana de Salvador que são
listados são Ademar Delgado (R$ 100 mil), Maurício Bacelar (R$ 100 mil),
Tonha Magalhães (R$ 50 mil), Alberto Castro (R$ 50 mil), Jussara Márcia
(R$ 50 mil), Carmem Gandarella (R$ 50 mil), Dinha Tolentino (R$ 20 mil)
e Eduardo Alencar (R$ 50 mil). O candidato a vice-prefeito de Madre de
Deus, Jeferson Andrade (R$ 50 mil), também aparece, assim como o atual
prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, o "Passivo" (R$ 300 mil). Mais uma
vez não é possível verificar de que forma teriam chegado aos políticos.
Aspirantes baianos a um cargo no Congresso Nacional (e que foram
eleitos) também são listados. Arthur Maia (PPS), Daniel Almeida
(PCdoB), Geraldo Simões (PT), José Carlos Aleluia (DEM), Jutahy
Magalhães Jr. (PSDB), Nelson Pelegrino (PT) e Paulo Magalhães (PSD)
teriam recebido repasses em 2014. João Almeida (PSDB), que não se elege
desde 2010, aparece na lista como beneficiado com R$ 50 mil. Geraldo
Simões, o "Cacau" (identificado como Geraldo de Itabuna), teria recebido
R$ 200 mil – toda a sua campanha declarada em 2014 foi de R$ 90,8 mil.
Arthur Maia, o "Tuca", teria recebido R$ 50 mil em 2010 e R$ 100 mil em
2014 – foram declarados apenas R$ 30 mil, originários da Braskem, em
2014. Daniel Almeida, o "Comuna", teria recebido R$ 150 mil – foram
declarados apenas R$ 30 mil, originários da Braskem. José Carlos Aleluia
teria recebido R$ 150 mil – foram declarados R$ 105 mil da Braskem e R$
175 da Odebrecht. Nelson Pelegrino, o "Pelé", teria recebido R$ 1,5
milhões – foram declarados R$ 125 mil, da Braskem. Jutahy Magalhães foi o
“líder” de citações na tabela, aparecendo quatro vezes: teria recebido
R$ 30 mil em 2010 e posteriormente R$ 150 mil, em 2012, e R$ 500 mil
(sem referência do período), além de outra menção sem relação a valores.
Declarou ter recebido R$ 200 mil da Odebrecht e R$ 230 mil da Braskem
em 2014. Já Paulo Magalhães, o "Goleiro", que teria recebido R$ 80 mil,
declarou R$ 30 mil da Braskem.
Dois deputados estaduais aparecem na listagem: Leur Lomanto
Júnior e Marcelo Nilo. Lomanto Jr., que aparece listado erroneamente
como candidato a deputado federal em 2010, teria recebido R$ 16 mil; já
Marcelo Nilo, o "Rio", teria recebido R$ 300 mil, e declarou R$ 109,8
mil provenientes da Braskem. Há ainda uma menção de repasse de R$ 2
milhões ao prefeito ACM Neto nos documentos, sem referências a anos ou
períodos eleitorais. No total, 42 políticos baianos receberam repasse de
verbas da Braskem e Odebrecht de forma direta em 2014, mas apenas oito
apareceram nos documentos – o que equivale a cerca de 20% dos
beneficiados. Todos os dados dos documentos podem ser vistos no portal
do jornalista Fernando Rodrigues, no Uol, quem primeiro deu as
informações (
clique aqui e veja).
Após a divulgação da lista da Odebrecht, os políticos citados negaram
qualquer relação ilítica entre a empreiteira e a campanha - em quaisquer
um dos períodos eleitorais.
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