de LÁ pra CÁ

GIDEÃO MATTOS:

Nunca foi pai dos pobres, sim um político inescapável de natureza competitiva. 

Talvez, a partir da segunda metade na transição dos anos 80 para os anos 90, quando inicia sua trajetória política em Itarantim, por não haver ainda, regras de políticas sociais definidas, sem dúvida, Gideão Mattos ocupou um espaço que não era preenchido pelo poder público. Porém, nunca foi “pai dos pobres”; foi sim, resultado de uma política atrasada e humilhante.   

Assim, em seu primeiro mandato, à custa da não existência de leis claras quanto ao dinheiro público, ofereceu ele (Gideão) certo alento aos mais necessitados, com distribuição de medicamentos, dinheiro e alimentos, em troca forçada de fidelidade e voto.

Pois naquele final dos anos 80 e início dos anos 90, volumosas quantias de dinheiro foram despejadas em Itarantim, quando se deu o escândalo dos anões do orçamento — a lembrar da figura escabrosa e patética do deputado João Alves. Época essa, em que Gideão era o capitão-mor de um grupo que praticava uma política análoga à forma clássica dos coronéis do passado, através do poder econômico e da violência. Assim, Gideão Mattos sobreviveu até a primeira metade dos anos 90. Pois em 1996, seu primeiro círculo de mando é interrompido quando assisti a inesperada derrota de seu filho Clóvis Mattos. E o vencedor foi um jovem que ele havia abatido nas eleições anteriores de 1992. Eis aqui para os historiadores futuro, o segundo ato original da política itarantiense: Ricardo Souto versus Gideão Mattos.

Gideão Mattos seria derrotado mais uma vez nas eleições do emblemático ano 2000. Dessa vez num confronto direto com Ricardo Souto. Aqui se faz o admirável: não se abateu e se manteve como líder mor de um grupo que deixava de lado a forma bruta e primitiva de ação e apostava no esfriamento político, nos desgastes e desacertos ocorridos no grupo de seu adversário. E num dia indeciso de 2004, Itarantim assiste a uma notícia na qual seu prefeito, sedado, havia sido internado com a consciência comprometida e nenhuma reação aos estímulos — Um fato determinante nas eleições daquele ano. Diante o imprevisto, Gideão Mattos voltou triunfante ao poder; em 2008, voltou a vencer, para perfazer o terceiro mandato de prefeito, dessa vez, derrotando seu mais claro adversário na trajetória política.

Gideão Mattos foi prefeito de Itarantim por três vezes: 1989/92; 2005/08 e 2009/12. Adquiriu seguidores, aliados e muita gente ao redor; também, adversários e opositores de natureza hepática. Foi ele um personagem incontestável no recente período histórico de Itarantim; um político de inescapável natureza competitiva; um estadista ao seu modo...  

      

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Por fim, não se trata aqui de um ensaio sobre Gideão Mattos. Não. Trata-se de uma reflexão sobre os acontecimentos políticos de sua época. No entanto, não lhe pode ser atribuído um 'culto à personalidade' com epíteto de “pai dos pobres”. Até porque a pobreza não precisa de um pai, sim de justiça social.