Por DIONIZIO MOTA
Diante do caos que assola o país nos
últimos dias, provocado por uma greve dita dos caminhoneiros, somos chamados a
várias reflexões. Mas, para se ter um mínimo de sobriedade e isenção nessas
reflexões, se faz necessário nos despirmos de paixões políticas, de defender
esse ou aquele lado ou categoria, muito menos de se achar culpados ou
responsáveis diante desse quadro catastrófico que assola a população, em
especial a mais carente. Não vou me deter, inclusive, na “qualidade” do
empresário brasileiro que se aproveita desse momento de desgraça para extorquir
e espoliar a sofrida população vendendo seus produtos com até mais de 400% de
majoração nos preços.
1- Desde que o atual governo (ou a
ausência de um) adotou a atual política de reajustes, dolarizando a regulação
dos combustíveis, a gasolina foi aumentada 107 vezes nos últimos 10 meses, e
algumas vezes de forma escorchante e chagando a ter dois reajustes em um único
dia.
Só neste ano de 2018 os combustíveis já
foram reajustados quarenta e uma vezes, com percentuais por vezes abusivos.
2- Segundo pesquisa, 58% dos
caminhoneiros do país trabalham de carteira assinada, e 12% prestam serviços
sem vínculos empregatícios. Então, na teoria, os autônomos não teriam força nem
infra estrutura organizacional para montar um movimento de tal porte em tão
pouco tempo.
3- O que estaria fazendo, no movimento
dos caminhoneiros um Advogado de Ituiutaba/MG André Janones, ex-candidato a
prefeito pelo PSC, mas que já foi filiado ao PT por quase nove anos de 2003 a
2012? Ele não está prestando essessoria jurídica, porque ainda não é o caso,
mas está na frente de agitação impedindo que o movimento se disperse. Vejam o
que declarou Janones nas redes sociais: “Nós vamos derrubar esse governo
ilegítimo, nós vamos derrubar a Rede Globo. Nós vamos mostrar que não tem
ninguém mais forte do que nós, não.” Por isso, entendo isso que a greve dos
caminhoneiros já extrapolou os seus objetivos.
Bem, por tudo isso, fica claro para mim
que essa desastrosa e criminosa política de reajuste de combustíveis não é de
agora e não foi a pedra de toque deste movimento paredista que parou o país.
Mas, então, o que teria levado os caminhoneiros a agir assim? Reajustes de
combustíveis nunca foram motivo de contestações formais, pois sempre foram
repassados para o valor do frete mas, dessa vez, o governo (ou a falta de um)
mexeu no ponto mais sensível dos empresários: O bolso. É que governo (ou a
falta de um) enviou para o apodrecido congresso uma medida provisória
reonerando a folha de pagamento das empresas, e aí vem o cerne do problema,
pois com essa medida sendo aprovada cairiam muito os lucros das empresas. Basta
ver um dos itens da pauta de negociações dos “caminhoneiros”: A não reoneração
da folha das empresas de transportes. A meu ver, caminhoneiro que luta
legitimamente para baixar o preço dos combustíveis e aumentar o valor dos
fretes não está interessado em reoneração de folha de pagamentos. A partir daí,
as empresas de transporte organizaram e orquestraram esse movimento, usaram os
caminhoneiros como inocentes úteis e massa de manobra e deu no que deu. Só que,
a certa altura do movimento, perderam o controle para políticos e militantes
oportunistas e aproveitadores, que estão usando o movimento com fins políticos
e eleitoreiros. Bem, pelo menos, essa é a minha opinião, respeitando aquelas em
contrário.
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