Política e economia: os dois lados da mesma moeda
*Manoel Lopes
É comum em momento de eleição ouvir mil e uma propostas. Algumas ficam na história como algo mirabolante outras são bem definidas com pé no chão, mas é fato que precisamos abrir os olhos, ligar as antenas e avaliar com muita calma " é preciso muita calma nessa hora " e procurar perceber o que será melhor para o coletivo, esqueçamos os interesses pessoais. Assim me propôs a sintetizar um artigo sobre desenvolvimento local para que possamos refletir um pouco sobre desenvolvimento econômico e crescimento econômico e dessa forma melhor avaliar as propostas de governo na perspectiva econômica.
*Manoel Lopes
É comum em momento de eleição ouvir mil e uma propostas. Algumas ficam na história como algo mirabolante outras são bem definidas com pé no chão, mas é fato que precisamos abrir os olhos, ligar as antenas e avaliar com muita calma " é preciso muita calma nessa hora " e procurar perceber o que será melhor para o coletivo, esqueçamos os interesses pessoais. Assim me propôs a sintetizar um artigo sobre desenvolvimento local para que possamos refletir um pouco sobre desenvolvimento econômico e crescimento econômico e dessa forma melhor avaliar as propostas de governo na perspectiva econômica.
Compreende-se que não é fácil uma definição de desenvolvimento local, já que estamos enraizados na lógica do colonizador e não é simples, enquanto povo colonizado, superar essa perspectiva. Assim, parte-se da noção de desenvolvimento local em sua dimensão política, construído em oposição à concepção hegemônica, associada ao capitalismo globalizado. Como diz Oliveira (2001):
A maior parte das definições e ensaios de desenvolvimento local a rigor parecem-se mais com adaptações dos dominados do que alternativa à dominação: a própria dificuldade de definir o que “é desenvolvimento local” já é um indicativo suficientemente forte, posto que, se tudo é desenvolvimento local, então, como ensinava uma velha lição de álgebra, nada é desenvolvimento local. Esse é um meio caminho, sem dúvida, pois não se trata de um conflito abstrato, mas de um real enfrentamento.
Para o autor, é necessário inventar um processo novo que não possa ser anulado, em que o desenvolvimento local seja entendido como tendência contrária aos processos dominantes OLIVEIRA (2001). A noção de desenvolvimento humano trabalhada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que diz respeito à satisfação de um conjunto de requisitos de bem-estar e qualidade de vida, é necessária, mas insuficiente. A estas, devem ser acrescidas outras dimensões decisivas. A primeira “[…] segue a trilha do conceito do subdesenvolvimento, na sua especificidade histórica, isto é, o não desenvolvimento local é um subdesenvolvimento no sentido forte de que ele é peculiar à periferia do capitalismo” OLIVEIRA, (2001). Para este mesmo autor, isto tem consequências teóricas e práticas. A primeira delas é a de que “[...] o desenvolvimento local não será o elo numa cadeia de desenvolvimento total; a segunda é que ou é concebido como alternativa ou reproduzirá a forma estrutural” OLIVEIRA,(2001). Outra consequência é que a cidadania apresenta-se como dimensão central para a construção de uma nova concepção de desenvolvimento local, pois “[...] é através desta que os cidadãos lutam pelo bem-estar e pela qualidade de vida, e não o inverso” OLIVEIRA,(2001). Segundo o autor, a luta pela cidadania
[...] é a forma mais moderna, contemporânea, do conflito de classes. Por que é a luta
pelos significados, pelo direito à fala e à política, que se faz apropriando-se do léxico dos direitos e levando-os, redefinindo-os, num novo patamar, de fato transformando o campo semântico ao tempo em que se apropria dele. Em cada um dos fronts em que se realizam os conflitos contemporâneos, percebe-se o que está em jogo: os chamados “direitos adquiridos (OLIVEIRA, 2001).
Cidadania aqui, “[...] refere-se ao indivíduo autônomo, crítico e reflexivo, longe, portanto do indivíduo-massa; trata-se de uma aquisição por meio do conflito” OLIVEIRA, (2001). Tal compreensão remete ao principal desafio do desenvolvimento local, dentro de uma perspectiva crítica, que se encontra em assumir a complexidade, ao invés de ignorá-la:[...] do ponto de vista neoliberal, a cidadania é sinônimo de não-conflito[sic], de harmonia, de paz social, […]. Como conseqüência, está se elaborando um discurso sobre o desenvolvimento local como paradigma alternativo à sociedade impregnada de conflitos por todos os lados. Nessa perspectiva, a escola é elemento fundamental da construção de uma concepção alternativa de desenvolvimento local, ainda que não seja o único.
BROSE (2000) considera que a educação é a resposta para que os jovens tenham possibilidade de ascensão social e econômica, que as desigualdades sejam reduzidas e que haja melhor distribuição do poder político-econômico na sociedade. Então a escola precisa se colocar não como neutra ou como uma instituição que nada tem a ver com a realidade local, pelo contrário, é na escola que os agentes de transformação precisam encontrar os mecanismos teóricos somados aos saberes locais que favoreçam essa mudança; um caminho é o desenvolvimento local, na perspectiva do desenvolvimento humano. Para isso, é preciso superar a confusão epistemológica entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico, apesar de terem conceitos parecidos, eles não têm o mesmo sentido. Enquanto o crescimento econômico tem uma relação com acúmulo de bens, o desenvolvimento apresenta uma relação com a qualidade de vida, pois quanto melhor a qualidade de vida, maior o desenvolvimento econômico. Porém, o desenvolvimento econômico depende do crescimento econômico como afirma SOUZA (2007), “o desenvolvimento econômico está relacionado basicamente, ao crescimento econômico e a modernização tecnológica”.
Para melhor entender a distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico BROSE (2000) destaca que:
O desenvolvimento está associado a melhoria da qualidade de vida da população complementar a visão de desenvolvimento econômico, que baseou-se, principalmente, como diz o nome em fatores econômicos (que geralmente refletem-se em fatores sociais, mas não necessária e claramente).
Então, quando o candidato vier com idéias mirabolantes, dando soluções magicas para a economia do país, sugiro que o caro leitor coloque na balança a perspectiva do desenvolvimento econômico e a perspectiva do crescimento econômico, sem deixar de perceber em qual lado da sociedade você eleitor se encontra, só tem dois lados ou você é opressor ou você é oprimido.
* Manoel Lopes é prof de Filosofia, Graduado em Filosofia - UESC, Especialista em Educação Científica e Cidadania - IFbaiano, Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Movimentos Sociais, Diversidade e Ed. do Campo - GEPEMDEC, Membro da EPS - Ilhéus.
* Manoel Lopes é prof de Filosofia, Graduado em Filosofia - UESC, Especialista em Educação Científica e Cidadania - IFbaiano, Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Movimentos Sociais, Diversidade e Ed. do Campo - GEPEMDEC, Membro da EPS - Ilhéus.
Pensar na escola como um importante mecanismo de mudança social nos faz ter esperança em uma sociedade melhor.
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