CONVITE AO PENSAR: REELEGER OU NÃO REELEGER VEREADOR, EIS A QUESTÃO

Por *José Alves Nunes 

A eleição municipal deste ano em Itarantim tem tudo para ser a mais excepcional dos últimos anos. Além das atipicidades geradas pelo Covid-19, além das iniciativas tomadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e além do poder das redes sociais, incomuns nas pequenas cidades, - uma campanha de cunho popular tem ditado o compasso na pré-campanha e, provavelmente, ditará o compasso na campanha eleitoral. Nela, alguns moradores tem pedido, de maneira incisiva e corajosa, que o cidadão eleitor itarantiense NÃO REELEJA VEREADOR em 2020.

 A campanha que nasceu tímida, tem ganhado as redes sociais de maneira inteligente e gerado acirrados debates. Também tem ganhado às ruas da cidade suscitando muitos elogios, falas inflamadas e algumas críticas, como deve ser no espaço democrático. Contudo, tem incomodado e provocado a “ira” dos nobres vereadores e vereadoras – uns mais outros menos - que buscam a reeleição, direito legítimo e amparado em lei. A campanha vem se mostrando tão relevante na cidade, que alguns vereadores tem usado a tribuna da “Casa do Povo” para atacá-la e “tentar intimidar” seus idealizadores, o que só tem ajudado a divulgar e a fortalecer ainda mais a campanha. Afinal, toda campanha precisa de holofotes, e a tribuna de uma Câmara com a cobertura de rádios, sites e blogs só contribuem em seu favor.

 Essa importante manifestação popular não é exclusividade de Itarantim, e só deste tempo. Ela surge, com mais ou menos força, quando o povo se “cansa” da repetição do mesmo cenário político, e ergue a voz para pedir mudança. Ao longo da história tivemos vários desses fenômenos que nasceram tímidos e se tornaram importantes fatos históricos: A Revolução Francesa com o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade (séc. XVII-XVIII); a Passeata dos Cem Mil (séc. XX) e as Diretas Já em 1984 são alguns exemplos de quando o povo se rebela contra o “sistema vigente”. Nesses momentos saltam da boca do povo o fundamento em latim: “vox populi vox dei”.

 Outro fundamento importante para esse movimento local encontramos na sociologia durkheimiana. Essa corrente, define que o fato social é um fenômeno que determina o agir do indivíduo na sociedade. Já o fato histórico é um evento documentado do passado. Nessa linha, a campanha NÃO REELEJA VEREADOR, hoje, é um fenômeno social que a depender dos resultados das urnas tem tudo para se tornar um fato histórico.

 Portanto, as autoridades constituídas não devem esquecer que na democracia “a voz do povo é a voz de deus”. Nela, quem dita o compasso é o povo e não o contrário. A campanha “NÃO REELEJA VEREADOR” ainda depende de mais adesão da sociedade e, principalmente, da legitimidade das urnas no futuro próximo. Mas, tem tudo para ser o movimento mais importante dos últimos tempos em Itarantim.

 Penso, que os nobres vereadores/vereadoras, com as devidas exceções, ao invés de atacarem a campanha e seus idealizadores, talvez, devam impor uma contra campanha, “SIM REELEJA VEREADOR”, e ver quem sai legitimado ou não das urnas. Isso mesmo, porque aquele ou aqueles vereadores que saírem vitoriosos das urnas, voltarão mais fortes do que nunca e entrarão para a “história local”, contrariando tudo e todos envolvidos naquela campanha.

Por fim, a campanha NÃO REELEJA VEREADOR, enquanto fenômeno social, deve despertar também a atenção de redatores (as), pensadores (as) e formadores de opinião para se posicionarem e jogarem luz nesse importante debate que tem muito a dizer nesse momento e, muito mais, no futuro político social de nossa cidade.   

* José Alves Nunes é Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas e Filosofia da Educação pelo ISTA.