"Eu nunca fui um escritor
profissional. Morreria de fome se fosse viver dos meus livros. Teria de acabar
fazendo milhares de concessões. Mas camelô, ah!, isso eu sou bom; vendo meus
livros, dou autógrafos e prometo morrer logo para valorizá-los", dizia Plínio
Marcos.
***
Patrícia Galvão (Pagú) ficou
entusiasmada ao ler Barrela, primeira peça escrita por Plínio Marcos. Depois
desse encontro, o escritor se integrou ao elenco de companhias amadoras de
teatro. Antes, Plínio Marcos tentou tornar-se jogador de futebol, e trabalhou
como palhaço de circo por cinco anos. Quando se transferiu para São Paulo, no
início da década de 60, participou da criação do Centro Popular de Cultura da
UNE (União Nacional dos Estudantes).
Plínio Marcos nasceu na cidade de
Santos em setembro de 1935, e morreu na capital paulista em novembro de 1999.
Maldito por mergulhar no cotidiano maldito e revelar temas violentos como
prostituição, marginalidade e homossexualismo, retratando a vida nos submundos
de São Paulo, impondo uma verve sem hipocrisias, em textos diretos e sem
meias-palavras, no governo militar, seus trabalhos foram censurados. Os
militares julgavam que, as peças escritas por ele, traziam um mundo direto e
convincente, que davam tratamento dramático à realidade de prostitutas, gigolôs
e bandidos, podendo servir à subversão.
Para o historiador e crítico de teatro,
Décio de Almeida Prado, Plínio Marcos tinha uma experiência humana ligada às
classes pobres e levou esse mundo para o teatro, até então em grande medida
desconhecido. O teatro dele não era exatamente político, de pobres contra
ricos, mas trazia uma experiência amarga dos pobres, e isso representou uma
grande novidade.
De camelô, vendendo seus próprios
livros escritos a partir da temática marginal, Plínio Marcos foi publicado e
encenado em francês, espanhol, inglês e alemão. Teve suas obras debatidas em
teses de sociolinguística, semiologia, psicologia da religião, dramaturgia e
filosofia, em universidades do Brasil e do exterior; recebeu os principais
prêmios nacionais em todas as atividades que abraçou em teatro, cinema,
televisão e literatura, como ator, diretor, escritor e dramaturgo.
***
(Em 1992, nas imediações do Largo do Arouche, ainda garoto, tive a honra de conhecê-lo. Fascinado, sabia quem ele era, mas não sabia o quanto influenciaria em meu trabalho literário. Por isso, hoje, como Plínio Marcos, estou decidido e sou camelô de meus livros. Ah! Também, como ele, vou morar no Copan!)
De São Paulo, 26 de março do Ano da Graça de 2021, J Rodrigues Vieira, para o ‘blog’ Alerta Itarantim.
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