Por José Alves Nunes*
Estamos a poucos dias das eleições/2022 que vão eleger
presidente, vice-presidente, senadores, governadores e deputados. É um momento
importante para o eleitor exercer a cidadania por meio do voto e fortalecer a democracia
brasileira. Em Itarantim, o eleitor terá vários candidatos, chancelados por
alguns grupos políticos, entre eles, três se destacaram ao longo da campanha. O grupo do prefeito Fábio Gusmão, o do ex-prefeito Paulo Construção e o dos líderes políticos Zeza
e Du.
É a primeira disputa eleitoral que o prefeito Fábio Gusmão e seu grupo político enfrentam depois que chegaram ao poder. O resultado nas urnas vai revelar o seu capital político depois de quase dois anos no comando da cidade. Para ser bem sucedido na disputa, o prefeito adotou duas grandes estratégias: assumiu a linha de frente da campanha, liderando seu grupo pelos bairros da cidade, zona rural e Ribeirão do Salto. E nessa empreitada, realizou, talvez, a maior carreata numa campanha de deputado em Itarantim, e quem diz isto são alguns políticos experientes da política local. A outra estratégia foi surfar na popularidade do ex-presidente Lula. Gusmão conseguiu colar a sua imagem na de Lula, o que pode fazer grande diferença nas urnas e no seu futuro político. Essa estratégia é tão importante, na atual conjuntura, que o próprio candidato ACM Neto preferiu não atacar ex-presidente, que na Bahia tem quase 70% de popularidade. O prefeito, além de apostar na popularidade de Lula é o único que apoiou o PT abertamente na cidade e com uma logística invejável. Na verdade é ele, o candidato petista, contra todos os outros bolsonaristas. No pós-eleição, a análise política será fácil e simples:Tudo que aparecer nas urnas em favor do PT será creditado na conta do prefeito. Já os votos bolsonaristas terão que ser divididos entre muitos líderes. Inclusive, entre alguns do seu próprio grupo que se intitulam bolsonaristas. Esse pequeno grupo, liderado pelo vice-prefeito Claudio, não é contra o prefeito, é contra o PT. Esse grupo sempre foi antipetista. Portanto, passada as eleições tudo voltará ao seu curso normal, habilidade não faltará ao prefeito e vice-prefeito. Por fim, a probabilidade de sair maior dessa eleição é real para o prefeito, mas precisa da legitimidade das urnas. Reta final de campanha é momento de apostar tudo. É a arrancada final que separa o vencedor dos demais, e mostra quem tem fôlego suficiente para vencer a disputa.
Paulo Construção, depois de quase um ano e nove meses fora do poder, tem
vivido dias difíceis. Nesse curto tempo perdeu importantes aliados, alguns,
inclusive, se intitulavam amigos do ex-prefeito. Construção vem sofrendo várias
tentativas de esvaziamento e de isolamento político por adversários e por
antigos aliados. Esvaziar e isolar o adversário são manobras legítimas do jogo
político. Contudo, o que aconteceu na última sessão legislativa de Itarantim (terça-feira
26) foi algo que Paulo não imaginava, nem em seus piores pesadelos. Alguns
vereadores votaram a favor do parecer do Tribunal de Contas dos Municípios
(TCM) e rejeitaram as contas do ano 2019 do ex-prefeito. Tornando-o inelegível
por oito anos, coisa que Construção nega. Esses vereadores e algumas lideranças
políticas acreditaram que com isso tirariam Paulo do jogo. As mentes
privilegiadas que articularam e executaram tal manobra contra Paulo Construção
deveriam ser homenageados, mas pelo prefeito Fábio Gusmão. Pois, de forma açodada,
acabaram por começar a guerra nas oposições. Ou alguém acredita que Paulo e seu
grupo político vão deixar barato essa truculência sofrida? E imaginar que ainda tinha uma conta, a de 2020, para ser
apreciada. Mas tudo indica, a pá de cal era para ser jogada agora, para o ex-prefeito
não tentar nenhuma reação a partir dos seus deputados. Como se Paulo fosse o
adversário político a ser abatido neste momento. Paulo já perdeu quase tudo o que tinha para perder: perdeu a eleição em 2020, perdeu antigos aliados
e perdeu, talvez, o direito de ser votado por oito anos. Construção pode sair bem menor desta eleição por conta dos golpes que sofreu dos seus algozes, mas o troco pode vir mais cedo do que esperam.
O grupo liderado pelo vereador Zeza (presidente da câmara) e Du Almeida
(presidente do PP) conseguiu juntar sete vereadores e algumas lideranças
políticas em torno dos seus candidatos. As urnas vão revelar o que é real e o
que é ilusão nesse ajuntamento político, principalmente se os deputados (estadual e federal) tiverem
votação baixa e/ou muito diferente entre si, sinal de rivalidade e deslealdade no próprio grupo. Além, claro, de mensurar o peso destas lideranças politicas
juntas. É importante entender, que esse grupo político cresceu exclusivamente na seara do ex-prefeito Paulo Construção, que não foi capaz de proteger seu
grupo político contra as investidas. É um avanço por conta da truculência praticada por essa ala da oposição, que tem apossado do principal princípio do maquiavelismo: “Os
fins justificam os meios”. A prova da aplicabilidade deste princípio, foram os meios usados contra Paulo Construção, que teve as
contas/2019 rejeitadas por cinco vereadores. E neste fato, acreditem, iniciaram
a guerra nas oposições. A guerra nas oposições começou neste fato, e será bem mais intensa em 2024. Outro ponto importante é que esse ajuntamento político só foi possível
pela ausência de Gideão Mattos. Se o líder político estivesse vivo todos
estariam sob a sua tutela, mesmo com as rixas e rivalidades próprias da política.
As diferenças políticas seriam colocadas em segundo plano, essa união dificilmente
aconteceria e as contas de Paulo (2019) não seriam rejeitadas. Mas, como disse
um vereador na última sessão da Câmara em tom irônico: “é vida que segue”. Se
bem que a vida segue diferente agora, principalmente para Paulo Construção, que tenta colar em seus algozes as marcas de ingratos e traidores. Agora é aguardar o resultado das urnas e descobrir se as marcas colaram ou não. Contudo, independente do
resultado, os maiores problemas que esse grupo terão pela frente (além dos
internos) chamam-se Paulo Construção e seu grupo político. Afinal, como disse
em outro artigo: também na política, “a toda ação há sempre
uma reação oposta e de igual intensidade”.
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