O Supremo
Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira (21), contra a validade da tese
do Marco Temporal das terras indígenas.
O julgamento terminou em 9 a 2. A sessão desta quinta começou
com o voto do ministro Luiz Fux, seguido por Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e a
presidente da corte, Rosa Weber. Apenas dois ministros votaram a favor da tese,
Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
A análise havia sido retomada na quarta-feira (20), com o
ministro Dias Toffoli, que se manifestou contra a tese.
A tese do Marco Temporal estabelece que a demarcação dos
territórios indígenas deve respeitar a área ocupada pelos povos até a
promulgação da Constituição Federal, em outubro de 1988.
Fux afirmou, em seu voto, que as terras indígenas devem ter
proteção do estado, ainda que não tenham sido demarcadas, e que essa é a
interpretação mais correta da Constituição. Ele também defendeu que o que se
analisa é a posse das terras pelos indígenas, “não aquela posse imemorial”.
Já Cármen Lúcia afirmou que as terras mencionadas na Constituição, e
que comporiam o acervo de bens reconhecidos e garantidos juridicamente aos
indígenas, não podem ser, a seu ver, “desmembradas do conjunto de direitos
fundamentais que lhes são constitucionalmente assegurados”.
Ela também afirmou que o tema cuida “da dignidade étnica de um
povo que foi dizimado e oprimido durante cinco séculos de história” e que
processos chegam ao STF “atestando a continuidade da luta dos indígenas pela
sua vivência”.
“A decisão de hoje fortalece a democracia e põe fim a uma das mais sórdidas tentativas de inviabilizar os direitos indígenas desde a redemocratização do país”, acrescentou a advogada Juliana de Paula Batista, do Instituto Socioambiental (ISA).
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