Convite ao Pensar de Fim de Ano: Em 2024, governo e oposições serão submetidos ao crivo do povo

 

NESTE ‘QUADRO POLÍTICO’ NADA É POR ACASO, E CADA ATOR POLÍTICO TERÁ CERTA IMPORTÂNCIA EM 2024 - (mas a conjuntura muda e muito rapidamente)


                                                                               Por José Alves Nunes*

No fim do último ano, que antecede as eleições 2024, surge um cenário político em Itarantim que exige certo critério analítico para entendê-lo bem. Na disputa eleitoral, governo e oposições serão submetidos ao crivo do povo, que foi implacável na “reeleição” dos dois últimos prefeitos. Na atual conjuntura, o governo tem muitos pontos positivos e chega bem avaliado para brigar pela reeleição, mas terá que lidar com duas questões internas que podem afetar seu desempenho nas urnas. Por outro lado, as oposições, que viveram extremos de fragmentação política, começam a confluir para o centro, para formar frente única contra o prefeito.


OS PONTOS FORTES DA ATUAL GESTÃO

A gestão Fábio Gusmão (PSD), diferentemente dos governos dos Paulos (Paulo Fernandes e Paulo Construção), chega bem avaliada para reeleição em 2024. Tem como principal trunfo o sucesso da sua gestão, que conseguiu equilibrar as contas públicas (sem demitir funcionários), trazer obras importantes para o município, implantar serviços essenciais em alguns setores públicos e melhorar os indicadores sociais e econômicos. Além disso, o prefeito chega em 2024 com maioria no legislativo e com representações importantes nas esferas federal e estadual.


QUESTÕES QUE PODEM GERAR DESGASTES PARA O GOVERNO

Apesar dos avanços reais e visíveis, o governo de Fábio Gusmão também enfrenta duas questões internas que podem gerar algum desgaste político e até influenciar no resultado das urnas. A primeira delas, a relação com a ala bolsonarista no poder, essa dá sinais de certa insatisfação com o sucesso do governo, pelo menos parte delas. Essa ala é antipetista e “não consegue aceitar” que o governo de Gusmão tenha as marcas e a cara do petismo. A segunda, é a relação política com o vice-prefeito Claudio Tonucci, que pode perder seu lugar na chapa majoritária do ano que vem. Tonucci e a ala bolsonarista apoiaram candidatos próprios em 2022, mas as urnas não respaldaram tal escolha e o deputado Raimundinho só teve 579 votos. Agora, esse grupo tem duas escolhas pela frente: separar 2022 de 2024 e apoiar o prefeito em sua reeleição, ou se afastar em definitivo do governo e aguardar mais uma vez o veredito das urnas.


A CONVERGÊNCIA DAS OPOSIÇÕES

Do outro lado do espectro político, as oposições de Itarantim vivem um momento de aproximação e de busca por uma candidatura única para enfrentar o prefeito. Depois de algum tempo de extrema fragmentação política e disputas internas, as oposições se reduziram em três grupos distintos: Du Almeida e Zeza Gigante, Felipe Freire e Paulo Construção e um terceiro grupo que tenta trazer Zeneldo Matos para a disputa. Ainda não é a unidade necessária, mas a fragmentação extrema já não existe como antes. Uma provável união pode fortalecer as oposições ao apresentar uma alternativa viável e credível para o eleitorado.


DU ALMEIDA E ZEZA GIGANTE

Essa união política conquistou a presidência da câmara municipal por duas vezes consecutivas e garantiu, durante dois anos e oito meses, a maioria no legislativo. Período marcado por fortes críticas ao executivo e um feito histórico, a aprovação da Emenda Impositiva.  Também “permitiu” que ex-prefeito Paulo Construção se tornasse inelegível, um possível erro político que pode cobrar seu “preço” no futuro. Du Almeida (PP) e Zeza Gigante (UB), que já se declararam pré-candidatos, não têm atualmente maioria no legislativo e perderam as emendas impositivas, trunfo importante para 2024. Zeza e Du acreditaram que essa união política, que a maioria no parlamento e as emendas impositivas garantiriam aos dois a liderança das oposições em 2024. Por isso que nesse período, essa ala da oposição se dedicou a fazer um embate direto ao governo de Fábio Gusmão, quando, bem assessorada, deveria ter dedicado para tentar unir as oposições, coisa que só agora fala com mais frequência.


PAULO CONSTRUÇÃO E FELIPE FREIRE

O ex-prefeito Paulo Construção (UB) não vive o seu melhor momento político. Na verdade, depois que deixou o poder, Construção nunca mais viveu um bom momento político. Além de se tornar inelegível, por vereadores que se elegeram em sua “aba política”, assiste sua base política se pulverizar dia após dia. Em meio às “derrotas” políticas, Construção acerta em ampliar o diálogo político com Felipe Freire (MDB). Esse nome, é uma das apostas da política de Itarantim, que tenta alavancar seu projeto político na atual ascensão política do MDB baiano e no extrato político do ex-prefeito Ricardo Souto.


ZENELDO MATOS

O nome de Zeneldo Matos surgiu com mais força a partir do segundo semestre de 2023, e não foi por acaso. Dois motivos, entre outros menores, ajudam a entender bem o surgimento de Zeneldo no cenário político, que até aqui não deu nenhuma declaração oficial de que será candidato em 2024. O nome de Zeneldo surgiu encabeçado por uma ala da oposição que não enxerga em Du e Zeza, nem em Paulo e Felipe os melhores nomes para liderar o projeto político das oposições. Mas, por trás dessa provável candidatura está também uma ala do governo, o bolsonarismo radical, que tenta construir uma alternativa para desvencilhar do governo, que hoje tem a cara do petismo de Jerônimo/Rosemberg e do PSD dos Alencar. Uma análise mais sistemática será feita no tempo oportuno, caso Zeneldo ratifique a sua candidatura. Mas é um nome, diferentemente dos demais da oposição, que exige uma avaliação cuidadosa e diferenciada dos demais atores políticos oposicionistas.


AS ESCOLHAS DAS OPOSIÇÕES EM 2022

É importante lembrar que o deputado estadual Raimundinho da JR (PL) faz parte atualmente da base de Jerônimo e é vice-líder do governo na ALBA. Também é importante dizer que alguns políticos do PP começam a deixar a legenda em direção ao Avante-BA (em Itarantim não será diferente), sigla que tem no comando Ronaldo Carletto e o “apoio” do deputado Neto Carletto. O Avante jura fidelidade a Rui Costa e tem sido usado estrategicamente para acolher os dissidentes do PP e “isolar” politicamente João Leão na Bahia. Mas, o que chama atenção mesmo, é dizer que ACM Neto já deixou claro que não será candidato a governador em 2026 e que tentará disputar como vice-presidente em alguma chapa. Ou seja, alguns das oposições de Itarantim precisam refletir sobre as escolhas feitas em 2022, e escolher bem em 2024.


POSSÍVEIS CENÁRIOS PARA 2024

Diante dessa conjuntura política complexa, é possível descrever três cenários possíveis para a eleição de Itarantim em 2024. O primeiro, é o da reeleição tranquila do prefeito Fábio Gusmão, que conseguiria manter sua base política coesa, focar o eleitorado nas conquistas da gestão e repetir 2020/2022. O segundo cenário, é o de uma disputa acirrada, onde o prefeito enfrentaria uma oposição unificada em torno de um nome de peso, com prestígio político e com recurso financeiro. O terceiro, é o da derrota do prefeito, que seria surpreendido por uma oposição unida e um eleitorado induzido a focar pouco na gestão e mais na avaliação pessoal de membros do governo.


CONCLUSÃO

A eleição municipal de prefeito em Itarantim promete apresentar algumas imprevisibilidades, com muitas variáveis e fatores que podem influenciar no resultado das urnas. Por isso, é importante que os atores políticos façam as melhores escolhas, separando o essencial do contingencial político. Afinal, as escolhas erradas, feitas pelos políticos, sempre voltam como fantasmas, quase sempre para assombrá-los.

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*É Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas; Filosofia da Educação pelo ISTA; Cursou dois anos de Teologia; Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental e Lideranças para a Era Digital - Autor do livro 'O Camponês e o Naturalista' lançado pela a Amazon e a Uiclap.

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