O Dia da Consciência Negra, celebrado ontem, no segundo ano como feriado nacional instituído em 2024, reforçou que a luta antirracista no Brasil precisa ser permanente. Em um país onde a maioria da população é negra e as desigualdades sociais seguem profundamente marcadas pela cor da pele, o racismo ainda impõe sofrimento cotidiano e limita oportunidades para milhões de brasileiros.
Na Bahia, segunda unidade federativa com maior proporção de população negra do país, e em Salvador, tida como a cidade mais negra fora da África, essa realidade é ainda mais periclitante. Os dados mostram isso, evidenciando a gravidade do racismo estrutural e enraizado. Uma nova análise divulgada às vésperas do feriado nacional pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), com base na PNADC/IBGE de 2024, mostra que o estado permanece como um dos maiores territórios negros do mundo fora da África, mas também aponta o abismo entre quantidade populacional e oportunidades para esse mesmo grupo.
São 11,970 milhões de pessoas negras em território baiano, o que representa 80,7% dos baianos que se autodeclaram pretos ou pardos. Para se ter uma ideia, mesmo representando 81,9% da força de trabalho baiana, os negros são maioria entre desempregados (83,9%), desalentados (85,9%) e trabalhadores subutilizados (84,4%). A taxa de desocupação chega a 11,1% entre negros, acima dos 9,5% registrados entre brancos.
É contra esses números, que só pioram em outros segmentos estatísticos, que os movimentos negros têm se mobilizado. O recorte de gênero, por exemplo, ajuda a entender por que o racismo precisa ser combatido e por que existe o feminismo negro: mulheres negras enfrentam 14,6% de desemprego, quase o dobro da taxa de mulheres brancas. Para especialistas, trata-se de uma fotografia que reúne passado e presente na mesma moldura, revelando como a herança escravista continua moldando estruturas sociais e econômicas.
Fonte: Tribuna da Bahia
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