de LÁ pra CÁ

Um tostão de sangue:
na relação entre golpe, corrupção e latifúndio.

Desde as primeiras horas da manhã de 25 de julho, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) articula uma série de ocupações de terras em todas as regiões do país, como parte da Jornada Nacional de Lutas, sob o lema “Corruptos Devolvam Nossas Terras”. Tais “ações diretas” denunciam “à sociedade, a relação entre o golpe, a corrupção e latifundiários”, como afirma Kelly Maffort, da direção nacional do Movimento, em entrevista ao Brasil de Fato.

A Jornada que acontece em todo País, na Bahia, os trabalhadores ocuparam o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e também realizaram marchas. Segundo Kelly Maffort, "Há um processo de bloqueio da reforma agrária. Nós temos hoje 120 mil famílias acampadas, mas essas famílias acampadas têm uma média de acampamento de sete, dez, até quinze anos”.

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A questão agrária acumula uma dívida histórica no Brasil, onde crianças do campo, indígenas, das periferias, negras e das famílias empobrecidas são as que mais duramente sofrem, a não efetivação da proteção integral pela ação do Estado, da família e da sociedade. Isso foi o que apontou as organizações sociais e movimentos populares que participaram de uma audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados no dia 13 de julho, em Brasília-DF, em alusão aos 26 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Nosso governo biônico, que circula como fantasma pelo Palácio do Jaburu, por meio da Medida Provisória nº 726, extinguiu o Ministério da Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos, justamente onde estava alojada a política da área. Com isso, os conselhos nacionais vinculados ao Ministério e a Secretaria de Políticas para Criança e Adolescente foram absorvidos pelo recém-criado Ministério da Justiça e da Cidadania. Ministério esse tocado pelo duvidoso advogado Alexandre de Moraes.

Mas e daí? Quem somos nós nessa história? Aceitamos passivamente um suposto ministério que se destina ao controle sobre os movimentos populares, causas e lutas ⸺, aliás, lutas que nos impõem derrotas catastróficas ao longo da história. Os retrocessos das políticas públicas que nos negam proteção integral pela ação do Estado, impõem um castigo cruel para as principais vítimas dessa ignomínia situação: crianças e adolescentes do campo. Pois ainda não sabemos qual o lugar da infância e adolescência no governo interino de Michel Temer.

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Por fim, temos assistido varias escolas rurais sendo fechadas Brasil afora. As prefeituras justificam (estranhamente) o baixo número de alunos. Dizem que as escolas rurais são inviáveis do ponto de vista econômico; como se a educação fosse uma mercadoria. Um tostão de sangue nesse mar de lágrimas...

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