de LÁ pra CÁ

A catarse pessoal:

no choro hipócrita de Geddel Vieira Lima.

A prisão de Geddel Vieira Lima não foi tão tranquila como nos foi mostrada, nela, o juiz autorizou a Polícia Federal a ‘forçar entrada e arrombar portas e cofres na hipótese de resistência de seu cumprimento’; também ‘autorizou empregar força contra coisas existentes e todos os meios legais para o cumprimento do mandado’.

Na tarde de ontem, 6 de julho, durante depoimento ao Juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, Geddel se desespera e começa a chorar quando escuta que vai permanecer na cadeia por tempo indeterminado, acusado de obstrução de justiça numa operação que apura fraudes na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.

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Além de chorador costumeiro, Geddel Vieira Lima é uma figura, apesar da tragicidade, cômica: pois no dia 16 de agosto de 2016, quando se fantasiava de verde e amarelo numa versão baiana de coxinha apimentada para protestar violentamente contra a Presidenta Dilma Rousseff e o PT, disse sem nenhum princípio ético que “não aguentava mais tanta roubalheira”.

Se apresenta senhorial truculento com seus servos e subserviente com seus suseranos; ensaio de coronel baiano (numa versão piorada do velho Antônio Carlos Magalhães) cuja família sobrevive escorada no poder há décadas. Aliás, ACM, quando governador, o expulsou do cargo de diretor do BANEB - Banco do Estado da Bahia, por repassar informações privilegiadas para investidores — ele chorou! Mas, apesar daquelas lágrimas caídas, vive (ou vivia) “uma boa relação com o prefeito de Salvador”, netinho do velho coronel...

...voltou a chorar durante a CPI dos anões do orçamento em 1993, onde também foi acusado de receber dinheiro de empreiteiras. Naquela CPI, disse que era um homem de poucas posses. No entanto, pasmem: aos 25 anos, ele já tinha acumulado um patrimônio de aproximadamente 15 milhões de reais. Nessa ocasião, num bate-boca ferino, o ex-presidente Itamar Franco, chamou Geddel de “percevejo de gabinete”, “vendedor de sigla” e “anãozinho do orçamento”.

Aos 55 anos, Geddel chorou ao ser derrotado nas eleições 2014, quando disputou a vaga de senador pelo Estado da Bahia; no entanto, garantiu uma das vagas de deputado federal ao irmão, Lúcio Vieira Lima, que também é suspeito de ter recebido 1 milhão de reais da Odebrecht. Em depoimento de delação premiada, o ex-diretor de relações institucionais daquela empreiteira, Cláudio Melo Filho, contou que Geddel era “chorão” ao pedir contribuições para campanhas eleitorais. Nessa tragicômica trajetória política, numa mensagem interceptada pela Polícia Federal, Geddel é chamado de “porco e um folgado”, tratado como “boka de jacaré p receber e carneirinho para trabalhar”.

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Por fim, não podemos saber qual "literatura jurídica" será aplicada a Geddel Vieira Lima que, chorou novamente, mas, dessa vez, não convenceu. Poderá ser o pranto final de sua polêmica e verborrágica carreira política. Aos 58 anos, de cabeça raspada ficará na Papuda remoendo sua catarse pessoal nas alcunhas de 'chorão, percevejo de gabinete, porco folgado, boca de jacaré e carneirinho'.

A situação em que estamos, Geddel ajudou a criar. Na busca do poder pelo poder, seus coligados invisíveis estão lhe devorando. E não serão suas lágrimas repetidas que lhe trarão clemencia e piedade; sim desprezo e repugnância. Fritaram ele, e, ele sabe, certamente tem outro idêntico ou até melhor em seu lugar...