Por Agência Brasil
O ex-ministro Geddel Vieira Lima deverá passar por uma audiência de custódia, nesta quinta-feira (6), às 9h40, na Justiça Federal em Brasília. Durante a audiência, o juiz da 10ª Vara Federal Vallisney Oliveira, que determinou a prisão do ex-ministro, deverá reavaliar a necessidade de manter a prisão preventiva.
Geddel foi preso na segunda-feira (3) por determinação do juiz sob a acusação de tentar obstruir as investigações de supostas irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal (Caixa), ao tempo em que era diretor.
O ex-ministro está preso preventivamente na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal. Após a prisão, a defesa de Geddel definiu como “absolutamente desnecessário” o decreto de prisão preventiva do político. O advogado Gamil Föppel disse que há “ausência de relevantes informações” para basear a decisão e definiu como erro da Justiça Federal a autorização para a prisão de Geddel.
De desafeto de Renato Russo à prisão da Cui Bono. Leia abaixo, e conheça alguns "detalhes" da trajetória política de Gedel:
Por Victor Pinto | Fotos: Gilberto Júnior//BNews
Um dos filhos de Afrísio Vieira Lima, ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-secretário de Segurança Pública na era Nilo Coelho, sempre foi cercado por polêmicas, principalmente por seu temperamento forte. Geddel Vieira Lima começou na política cedo, graças à influência familiar. Ele nasceu em Salvador, em 18 de março de 1959.
Sempre foi filiado ao PMDB, partido que carrega o estandarte na Bahia desde quando começou sua vida pública para concorrer a mandatos eletivos e que pode ser chamado de “seu”.
No Colégio Marista, onde estudou durante a adolescência na capital federal, Geddel era desafeto do cantor e compositor Renato Russo, líder da banda Legião Urbana. A desavença foi registrada no livro "Renato Russo: O filho da Revolução", do jornalista Carlos Marcelo. O biógrafo diz que Renato Russo considerava o futuro político baiano um “in-su-por-tá-vel” e era apelidado à época de Suíno. Era conhecido por chegar à unidade educacional dirigindo uma Opala verde, não era dado aos estudos, motivo que o fez ser rejeitado por Russo. Nos corredores, bradava: “Eu vou ser político”.
Formado em administração de empresas pela Universidade de Brasília, iniciou na carreira ainda como assessor na Câmara dos Deputados e a posteriori, entre 1983 e 1984 foi diretor da corretora do Banco do Estado da Bahia (Baneb), quando foi acusado de ter se favorecido com rendimentos acima da média em aplicações bancárias, mas em 1987 foi encaminhado o arquivamento da denúncia.
Antes de se filiar ao PMDB para concorrer a cargos eletivos, foi assessor da Casa Civil da Prefeitura de Salvador, entre 1988 e 1989; diretor da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), em 1989; e presidente na Bahia da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) em 1990.
Geddel ficou 20 anos como deputado federal, de 1991 a 2011. Nesse meio tempo, apareceu no escândalo dos “Anões do Orçamento” a cena marcante na qual chorara na CPI para conseguir a sua absolvição, como assim aconteceu. O caso investigava parlamentares que supostamente manipulavam emendas orçamentárias com a criação de entidades sociais fantasmas ou participação de empreiteiras no desvio de verbas. Um dos principais envolvidos era o então deputado federal João Alves.
Foi também no período do início da década de 90 que as rusgas de Geddel com Antônio Carlos Magalhães começaram a aumentar. Foi durante um depoimento à CPI do caso NEC que o ex-ministro das Comunicações e governador da Bahia acusou Geddel de conseguir a sua eleição para deputado com as cifras do Fundo de Reequipamento da Polícia Civil (Funrespol). O bojo do Fundo, até então, era administrado por seu pai na época em que era titular da pasta de Segurança Pública.
Recebera a alcunha de “percevejo de gabinete” por ACM, que já gostava de colocar apelido em todos. O caso de pirraça do velho se dá ao fato de Geddel nunca ter trabalhado na vida privada e sempre ter ocupado cargos públicos.
Geddel se aproximou de Michel Temer (PMDB), na Câmara, nos idos de 1995 e foi um dos que pavimentou a eleição do hoje presidente da República para presidente da Câmara na época.
O senador Otto Alencar sempre foi seu desafeto político, principalmente porque era aliado de ACM. Por duas vezes, em 2002, quando Otto era governador da Bahia, e em 2011, o acusou de grampo telefônico por força da secretaria da Segurança Pública.
Sempre tinha notoriedade da era FHC para cá. Em 1997, votou a favor da emenda que garantia a reeleição para presidente, mas mesmo assim, era conhecido por muitos como o insuflador de rebeliões nas bases governistas.
Foi ministro da Integração Nacional de Lula (PT) e denunciado de hiper valorizar e canalizar obras para o Estado em detrimento dos demais, tanto que ajudou na reeleição de João Henrique para prefeito de Salvador utilizando do prestígio da pasta para fazer obras na capital. Entre 2004 e 2009, a Bahia recebeu R$133,2 milhões, equivalente a 37,25% do total de recursos liberados no período para ações de prevenção a desastres.
Na era Dilma Rousseff (PT), foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, cuja passagem e suas conduções em conluio com Eduardo Cunha e seus homens de confiança lhe custaram a atual prisão preventiva feita pela Policia Federal na tarde desta segunda-feira (3) no âmbito da operação Cui Bono.
Em 2016, com o fim da gestão de Dilma, assume lugar de destaque no cenário nacional ao ser alçado ao posto de secretário de Governo, uma espécie de braço direito e articulador político do presidente Michel Temer. Governava no seu estilo: curto e direto.
Caiu por culpa própria. O escândalo do La Vue, prédio chique e caro no bairro da Barra, foi o pivô de seu afastamento oficial da era Temer. O então ministro da Cultura, Marcelo Calero, o acusou de pressioná-lo para liberação de alvarás para a construção da obra. Caiu. Sangrou até onde pôde pela imprensa e enquanto não esteve fora do Planalto, a pressão era comida por Temer.
ELEIÇÕES – Com a sua inimizade com o velho ACM, partiu para a oposição baiana. Foi um dos apoiadores da histórica eleição de Jaques Wagner (PT) a governador da Bahia em 2006. Na chapa, indicou o nome do vice-governador Edmundo Pereira. Seus tentáculos no governo não eram suficientes e Geddel queria mais, queria a cabeça da chapa no pleito seguinte.
Rompe com o PT depois das nuances das eleições de 2008 para prefeito de Salvador, quando o PT concorreu com Pinheiro e ele com JH.
Em 2010, lança candidatura própria para governador da Bahia, compondo a chapa com Edvaldo Brito e César Borges no Senado. Perde o pleito e fica como terceiro colocado.
Quatro anos mais tarde, totalmente alinhado com o grupo do seu ex-desafeto, se torna um aliado de ACM, o neto. Brigou pela cabeça de chapa da oposição, perdeu a briga interna de 2014 para Paulo Souto e lançou seu nome ao Senado. Enfrentou frente a frente Otto Alencar pela vaga, mas perdeu, garantido o cacique pessedista oito anos de mandato.
Agora pretendia se mobilizar e novamente ser candidato ao Senado. Contudo, com as recentes nuances envolvendo a Lava Jato, saiu de cena. Seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, seu herdeiro político, em conversa com o BNews, havia dito que Geddel queria tempo para a família e o seu “ciclo” para cargo eletivos “havia acabado”.
Segundo o ministério público federal: Gedel é um criminoso em séri. Que tragetória e que final de tragetória.
ResponderExcluir