Convite ao Pensar: O voto NOMINAL e seu impacto na última sessão da Câmara de Vereadores de Itarantim
A proposta apresentada por quatro
vereadores de oposição e/ou independentes, na última sessão ordinária (16),
tinha como objetivo garantir previsibilidade no pagamento de recursos devidos
aos professores da rede pública municipal, oriundos do Precatório do Fundef. Embora os vereadores da base
governista tenham argumentado que o Projeto do Executivo já contemplava essa
previsão, o cerne da discussão ultrapassou o mérito da emenda. O verdadeiro
destaque da sessão ordinária foi a forma como a votação ocorreu: NOMINAL, com
cada vereador declarando publicamente seu posicionamento e voto.
A votação nominal ou aberta,
respaldada na Seção IV (Dos Processos), artigos 317 e 319 do Regimento Interno
da Câmara Municipal de Itarantim, representou uma mudança significativa de
postura. Diferente da primeira votação, realizada de forma secreta em 26 de
agosto, os vereadores foram levados a justificar suas decisões. Isso não apenas
fortaleceu o debate público, como também permitiu à população acompanhar o
posicionamento de seus representantes e fazer suas avaliações.
Melhor Sessão dos últimos
tempos
A sessão ordinária realizada em
16 de setembro destacou-se como uma das mais importantes dos últimos tempos no
cenário político de Itarantim. Durante a votação nominal, os vereadores demonstraram
esforço na argumentação e empenho em justificar publicamente seus
posicionamentos, fortalecendo o diálogo democrático e o vínculo com a
população.
Transparência como Regra, Não
Exceção
A defesa do voto secreto em
situações como a eleição da Mesa Diretora, entre outras, é frequentemente
justificada como uma forma de proteger os vereadores de pressões externas. No
entanto, essa lógica entra em conflito direto com o princípio da transparência,
que deve nortear toda atuação pública. Afinal, se o vereador representa o povo,
por que esconder do povo como ele vota?
O voto nominal é um instrumento
de coragem e responsabilidade. Ele exige do vereador alinhamento político com seu
grupo, seus eleitores e a população em geral. Quando o voto é secreto
ou fechado, abre-se espaço para negociatas, acordos de bastidores e desvios
éticos que corroem a confiança da sociedade na política e nos políticos.
Voto Nominal: Antídoto Contra
a Opacidade Política
A prática do voto secreto, longe
de proteger o processo legislativo, protege a opacidade política. E a falta de
transparência é terreno fértil para a desinformação, o distanciamento entre
representantes e representados, e o surgimento de narrativas como a de
“traição” ao prefeito, como ocorreu na votação de agosto. A verdade é que não
há traição quando há liberdade de voto, mas há, sim, um problema quando não há
explicação pública para os motivos daquele voto.
A votação nominal realizada na
última sessão mostrou que é possível, e necessário, cobrar dos vereadores essa
forma de votar. A sociedade não pode se contentar com exceções. O voto nominal
ou aberto deve ser a regra, especialmente em decisões que envolvem a
presidência da Câmara, a composição da Mesa Diretora, emendas impositivas e a
aprovação de contas de prefeitos e ex-prefeitos.
Democracia Exige Luz
A democracia não se fortalece no
escuro. Ela exige luz, clareza e coragem. O voto nominal em todas as votações,
como sugeriu alguns vereadores na sessão de 26 de agosto, é uma ferramenta que
ilumina o processo legislativo e aproxima o cidadão da política. É hora de
transformar essa prática em regra, não em exceção. E é papel da sociedade
cobrar isso de seus representantes, pois com voto nominal se constrói mais
facilmente a confiança, e só com confiança se constrói uma política
verdadeiramente pública e participativa.
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